domingo, 25 de novembro de 2007

Fim da esquerda?

Dizer que os critérios de classe não valem mais para a pós-modernidade é uma grande ilusão.

Aliás, hoje está em voga dizer que tudo acabou e que nada mais vale, valores, conceitos, ideologias, o trabalhador é um mero apêndice do processo produtivo e até o conceito de história querem dar por encerrado.

Tenta-se desgarrar a cultura da economia e da política

A perspectiva pós-moderna é culturalmente suicida, eles transformam cultura num mero enfeite de parede, ela perde toda a sua conectividade com a vida humana e pode ser desfeita a qualquer momento.

Não existe mais burguesia, nem trabalhadores e Estado, os partidos não servem para mais nada, ideologia é uma besteira, classe social é um termo ultrapassado, fazer política é feio. Coletividade? Vamos todos fazer a nossa parte, pois o coletivo é também algo ultrapassado, o que vale é o indíduo.

Fazer a sua parte! Basta deixar de comer carne vermelha e entoar um mantra Indy que o mundo será melhor.

Dizer que não existe esquerda e direita é fácil. Agora, o que dizer da pobreza e da riqueza ambas crescendo cada vez mais.

No entanto, pobreza não é ideologia nem conceito, como diria o presidente Lula "é um fato concreto", assim como o capitalismo, ou será que alguém também vai dizer que não existe capitalismo?

Ser de esquerda após a Comuna de Paris significa lutar contra a sociedade capitalista [cultura, política e vida social], ou seja, contra a riqueza e a favor dos pobres, contra a agressão cultural aos povos não completamente integrados ao Mercado.

Ser de direita é (resumindo) achar que tudo o que existe é o mercado!

Querem substituir interpretação da sociedade através das classes sociais pelos chamados "Padrões de comportamento de consumo" [mercadorias], "classe sócial é coisa do século passado". Ora! O que é isso?

O grande mérito de Marx no século retrasado foi mostrar como existia algo de mais complexo entre o homem e as mercadorias, mediações que explicavam a dominação de uma classe sobre a outra, que ele chamou de fetichismo da mercadoria.

Os intelectuais de direita (direita pós-moderna) querem desqualificar todos os conceitos e idéias que tentam desmistificar a mercadoria, em contrapartida, eles tentam, consciente ou inconscientemente, fazer erigir um novo Deus – "os Mercados".

Ser de esquerda não é só ideal é uma necessidade!

4 comentários:

Anônimo disse...

Falar do "fim das classes" não é avalizar o "fim da história" de Francis Fukuyama, que nem mereceria ser citado.

A riqueza de "personas" que a Era da Informação disponibiliza deve ser considerada para entendermos as novas relações sociais contemporâneas. As ferramentas antigas não servem mais. Ignorar isso é permanecer no século 20.

É necessária e urgente uma nova forma de pensar a política, no sentido das relações da "pólis", da cidadania (termo estragado pelos demagogos), da ciência dos elementos viventes na cidade, urbanóides, que seja.

Não há mais direita, não há mais esquerda. Isso sim é ilusão. Basta nos lembrarmos do Mensalão, ou da sujeira da CPMF. Os partidos políticos estão apodrecidos desde muito. O Estado é um Mastodonte Faminto!

Precisamos de uma Anarquia 2.0, de uma Lingüística libertadora, e somente os mais esclarecidos poderão brindar a massa ignara com as benesses destes novos tempos.
Esse deve ser o papel de uma Nova Elite, dos mais capacitados intelectualmente, comprometendo-se com a Justiça, fazendo o sonho de Sócrates e Platão convergirem para a Sociedade da Tecnologia.

(Peterson Ruiz)

Anônimo disse...

Um direitista pós-moderno. 2.0

Anônimo disse...

Direitista? Estude um pouco de História, Sr. Anônimo, e se, ao concluir que ela está sendo refeita, amplie seus horizontes avaliando um pouco a realidade da humanidade e da hipocrisia que impera por aí.
[Peterson Ruiz]

Fábio Cassimiro disse...

Peterson, nessa perspectiva sua e de Fukuiama, as contradições, entraves e inflexões da sociedade capitalista teriam sido superadas com a derrocada do socialismo e dissolução da URSS.

Iludiram-se ao pensar que as lutas de classe, as crises cíclicas do capitalismo, o papel preponderante do Estado, o monopólio e a concorrência interestatal haviam terminado e que o mundo globalizado estaria se encerrado numa nova temporalidade, onde o progresso capitalista seria perpetuado.

Ou melhor,

Achavam,

Os últimos anos tem sido de muito aprendizado para o pessoal do Dep. de Estado Norte-americano, a quem esta teoria interessava, onde ela foi incentivada e onde trabalhou Fukuiama.

Francis Fukuiama merece sim ser citado, pois ele, em sua ânsia por mostrar o formato do que viaria a ser essa nova temporalidade colocou a nú toda a expectativa em torno do discurso pós-moderno.

Fukuiama cristaliza esse pensamento, pensamento este que é realmente ultrapassado pois, sustentou-se por alguns anos mas não durou nem uma década.

E é ele sim um posicionamento de direita.