segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Meu pedido foi atendido pela Urbes

Em Agosto de 2007 eu escrevi uma matéria na Revista Provocare abordando o transporte público na cidade. Havia sugerido que Sorocaba adotasse a tarifa de R$ 1,00 aos Domingos como forma de incentivar que as pessoas participassem de atividades culturais no município, como faz Curitiba. Com a tarifa atual o munícipe paga R$ 4,50 para ir a um teatro ou cinema, se for de ônibus.

Na verdade o interesse do município é econômico, aos domingos o sistema de transporte opera muito abaixo de sua capacidade. A redução da tarifa aumenta a circulação de pessoas e, mesmo com uma tarifa menor, a arrecadação ainda é maior.

Leia a matéria na Revista Provocare, n11

sábado, 26 de janeiro de 2008

Carta do Senhor Jesus aos Sorocabanos

Irmãs e Irmãos sorocabanos,

Vocês bem sabem que durante minha passagem terrena nunca tive a pretensão de acumular bens materiais ou dedicar-me a especulação imobiliária, sequer tive uma propriedade privada.
Agradeço de coração a doação feita por vocês, mas, entre outros motivos, com o novo aumento do IPTU fica inviável para eu residir em Sorocaba. Por isso desde já quero fazer a reintegração de posse a vocês, cidadãos sorocabanos. Reclamações ou pedidos para uma ajudinha na hora de pagar o carnê, favor ir ao 6° andar do Paço ou procurar qualquer vereador da base governista.
Saudações cristãs e que Deus os ajude

Postado por Danilo Calderon no blog Bah! Caroço em 23/01/2007 (veja aqui)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Fascículo 7 da Coleção A história em cima dos fatos

Já está nas bancas o fascículo 7 - da coleção especial sobre ditadura militar - da editora Casa Amarela. Há uma reportagem minha sobre Alexandre Vannucchi Leme e Adriano Diogo, ambos da ALN e colegas do curso de geologia da USP.
Alexandre, sorocabano, foi torturado pela repressão e morreu numa cela do DOI-CODI, no dia 17 de março de 1973. Data em que Adriano, conhecido por MUG, foi preso. Nascido na Mooca, em São Paulo, Adriano também sofreu torturas e passou mais de um ano na prisão. Atualmente é deputado estadual pelo PT.

Ferik

domingo, 20 de janeiro de 2008

Moral ou Ética?


Lá pelos meus 15 anos, no curso técnico, tive aula de Ética e Cidadania com uma professora incrível chamada Renata Leocádia. Lembro-me com clareza de um dia em que ela abordou a diferença entre moral e ética. Não sei quais foram as fontes de estudo que a levaram a esta conclusão, tampouco se é a definição considerada oficial (já ouvi controvérsias), mas dentro de um assunto tão abstrato fica difícil achar um padrão universal. Sendo assim, adotei sua definição como correta porque pra mim faz muito sentido.

Ela definiu moral como um conjunto de valores de determinado grupo; já á ética seria uma conduta considerada correta universalmente. Por exemplo, dentro de uma família conservadora norte-americana dos anos 70, uma moça não deveria fazer sexo antes do casamento. Entretanto, em meio a um grupo de hippies do mesmo país e da mesma década, esta restrição não faria sentido. Isto são valores morais. Um exemplo de valor ético seria posicionar-se contra a escravidão ou a violência. Escravidão é escravidão em qualquer lugar do mundo, em qualquer cultura. Dizer que não é contra o trabalho escravo infantil do Nordeste brasileiro porque isto é costume de lá, não é respeitar as barreiras culturais, é omitir-se diante de uma questão ética.

Onde eu quero chegar com tudo isso?

A Anistia Internacional Sueca está promovendo uma campanha de conscientização contra a mutilação genital feminina, aquela operação bizarra que é costume em alguns países da África, onde a pré-adolescente é levada por alguém da família a um lugar sem a mínima condição de higiene e tem seu clitóris arrancado por uma lâmina enferrujada; em seguida sua vagina é costurada. Num lugar onde as mulheres são vendidas pelos pais, é uma intervenção vista por eles como vantajosa, pois valoriza a "mercadoria": além da moça ficar mais "apertada", ela não corre o risco de fugir com outro homem, porque sua capacidade de sentir prazer sexual praticamente foi embora com o clitóris.

Questão 1 - É problema da Suécia?

Sim. Com o aumento de imigrantes africanos no país (onde a intervenção é proibida), cirurgias ilegais se tornam um problema para a saúde pública. Além disso, há famílias que mandam as meninas nas férias para os países de origem, apenas para realizar a mutilação.

Questão 2 - É problema seu?

Sim. Aí vem a parte de não se omitir em questões éticas. Violência, machismo e mercantilização do corpo humano são condenáveis em qualquer meio. Usar o "respeito às barreiras culturais" para justificar tal atrocidade é a maneira mais covarde de dizer "tanto faz".

Epitáfio de Benjamin Franklin

Benjamin Franklin (Boston, 17 de Janeiro de 1706 — Filadélfia, 17 de Abril de 1790) foi jornalista, editor, autor, filantropo, abolicionista, funcionário público, cientista, diplomata, inventor e também foi um dos líderes da Revolução Americana.

Amante dos livros, compôs para si mesmo um epitáfio, que acabou não sendo usado:

O Corpo de
B. Franklin, Impressor,
Tal como a capa de um velho Livro,
Seu Conteúdo arrancado,
E despido de suas Letras e Dourados,
Jaz aqui, Alimento para os Vermer.
Mas a Obra não se perderá;
Pois irá, como ele acreditava,
Aparecer outra vez,
Em nova e mais elegante Edição
Corrigida e melhorada
Pelo Autor

domingo, 13 de janeiro de 2008

Quem disse que piada perde a graça com o tempo?

"O Janota"

"Um janota foi a uma livraria comprar um diccionario ele procurava a palavra Kagado na letra C. O livreiro que estava ao lado disse:
- O senhor esta equivocado. E’ na letra K e não na letra C que procura a palavra Kagado.
Janota: - Mas, como é que posso saber isso? De que serve um Diccionario sem indice?"
_______________________
Uma piada tirada do Almanach Ilustrado de Sorocaba: repositorio historico, literario e recreativo, com illustrações (1914). A grafia do nome dado ao réptil da família dos quelônios era feita com a letra K nessa época.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Manual da Boa Moça (burra e submissa) - Parte I

É impressionante. Eu fico dias sem entrar na internet, e quando entro na minha caixa de e-mail, dou de cara com isso:
Fulana de Tal* - (Sem Assunto)
*Nome trocado para preservar a identidade da amiga.
N. da A. - sem assunto é um ótimo tema para esse e-mail.
(meus comentários em vermelho)
COISAS QUE SÓ UMA MULHER CONSEGUE:
1 - Fingir naturalidade durante um exame ginecológico.
Ah, sim. Tem um cara enfiando um cano na sua b*****, abrindo com uma manivela e espetando uma agulha no seu útero, mas a boa moça deve fingir naturalidade; afinal, a vagina é o órgão sagrado da reprodução, dane-se que é uma área hipersensível e particular do ser humano. É patrimônio do mundo, portanto, quem reclama ou faz caretas durante o exame é uma fêmea que ainda não reconheceu seu lugar na sociedade.
2 - Usar o poder de uma calça jeans para rediagramar a estrutura do corpo.
Mulher que se preze precisa conhecer essas táticas de rediagramação física. O jeans, diferentemente do caso dos machos que o utilizam por ser uma peça prática, que não precisa passar nem lavar todos os dias, deve ser usado pelas fêmeas para agradar o sexo oposto, ainda que seja desconfortável ou quente (quem já tentou usar jeans justo no verão sorocabano?). O importante é o bumbum empinadinho.
3 - Ter crise conjugal, crise existencial, crise de identidade crise de nervos!
Mulher tem vários tipos de crise, nisso eu concordo. Mas homem não. Homem não chora, não se pergunta sobre a vida, sobre as relações, etc. Homem que procura terapia é bicha. Todo o sofrimento humano foi canalizado por Deus para a mulher. (Eu achei que tínhamos passado da Idade Média!!!)
4 - Ser mãe solteira, mãe casada, mãe separada, mãe do marido.
Eu não sou mãe e nem pretendo (pelo menos por enquanto). Logo, não sou mulher. Fêmeas nascem para reproduzir e lavar roupa.
5 - Lavar a calcinha no chuveiro. E depois pendurá-la na torneira, para horror do sexo masculino.
Sem comentários.
6 - Rasgar a meia na entrada da festa.
Só uma mulher consegue rasgar a meia na entrada da festa. Será que é porque só mulher usa meia-calça?
7 - Sentir-se pronta para conquistar o mundo, quando está usando um batom novo!
Claro, a auto-estima depende da marca do seu batom.
8 - Chorar no banheiro, e ficar se olhando no espelho para ver qual melhor ângulo.
Essa eu não entendi. A pessoa fica procurando o melhor ângulo chorando no banheiro? Caramba, isso nunca me passou pela cabeça, será que eu não sou mulher? Vou verificar na minha certidão de nascimento, pera aí...
9 - Achar que o seu relacionamento acabou, e depois descobrir que era tudo tensão pré-menstrual. (Esta é perfeita!!!!)
???
10 - Nunca saber se é para dividir a conta, ou se é para ficar meiguinha.
Isso é algo sobre o qual o casal deve entrar num acordo. Eu trabalho, me esforço, estudo e pretendo continuar estudando muito para manter minha carreira, portanto acho justo dividir; acontece que algumas mulheres não concordam, afinal, elas fingiram naturalidade no exame ginecológico, vestiram um jeans apertado para agradar ao macho-alfa, compraram batom novo para aumentar a auto-estima e até procuraram o melhor ângulo para chorar! Agora o macho dominante tem que pelo menos pagar a conta, né?
11 - Dizer não, para ele insistir bastante, e aí ter que dizer sim!
Simplesmente porque boas moças só assumem que querem fazer sexo depois de muita insistência de seu homem. Mulheres honradas não sentem tesão.

Manual da Boa Moça (burra e submissa) - Parte II

SÓ AS MULHERES ENTENDEM:

1 - Por que é bom ter cinco pares de sapatos pretos.

Eu tenho quatro, contando os de verão e de inverno. (uma sandália rasteira, uma de salto, uma bota de salto comum e uma plataforma, que já saiu de moda). Ih, vou conferir de novo o campo "sexo" da minha certidão de nascimento.

2 - A diferença entre creme, marfim, e bege claro.

Tem diferença?

3 - Achar o homem ideal é difícil, mas achar um bom cabeleireiro é praticamente impossível.

Até porque a exigência da mulher deve ser muito maior sobre seu cabelo - que serve para atrair machos-alfa, do que sobre a qualidade das suas relações. Uma boa moça deve se contentar com o que vier, o que não pode é ficar solteira!

Manual da Boa Moça (burra e submissa) - Parte III e Conclusão

ORAÇÃO DAS MULHERES:
"Querido Deus, Até agora o meu dia foi bom: não fiz fofoca, não perdi a paciência, não fui gananciosa, sarcástica, rabugenta, chata e nem irônica. Controlei minha TPM, não reclamei, não praguejei, não gritei, nem tive ataques de ciúmes. Não comi chocolate. Também não fiz débitos em meu cartão de crédito (nem do meu marido) e nem dei cheques pré-datados. Mas peço a sua proteção, Senhor, pois estou para levantar da cama a qualquer momento... Amém!"
Concluindo: mulheres são fofoqueiras, impacientes, gananciosas, sarcásticas, rabugentas, chatas, irônicas, reclamonas, estressadas, histéricas, ciumentas, comedoras de chocolate e sem noção de economia.
Enquanto e-mails como estes forem repassados (por mulheres!!!) com naturalidade e bom humor, vai ser difícil evitar que uma mulher apanhe do marido sem considerá-lo normal, afinal, somos seres inferiores à serviço do gênero dominante, não é?!?
Eu me recuso a ter meu gênero negado por não saber a diferença entre três tonalidades da mesma cor ou não depender de maquiagem para ter auto-confiança. São essas definições burras e estereotipadas que alimentam a misoginia, o preconceito, a discriminação; e que contribuem para que regridamos cada vez mais nas conquistas feministas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Relatórios de Graciliano Ramos

Em 1927 Graciliano Ramos foi eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, em Alagoas, cargo ao qual renunciou em 1930. Nos dois anos de mandato, enviou dois relatórios de prestação de contas ao governador do Estado.

Os relatórios chegaram as mãos de Augusto Frederico Schmidt, que identificou neles o talento do escritor. Foi atrás de Graciliano Ramos e perguntou se não teria um original guardado. Recebeu Caetés, que foi publicado um ano depois, dando início à carreira de um dos maiores ficcionistas brasileiros.

Recentemente, os “relatórios” de Graciliano Ramos foram publicados, em edição de bolso, pela revista Entre Livros, com prefácio de Ricardo Filho, neto do velho Graça.

O texto é delicioso, sendo impossível conceber que algo do tipo pudesse ser encontrado nos meandros da burocracia pública nos dias de hoje. Por exemplo, ao discorrer sobre os gastos com energia elétrica:

“A iluminação da cidade me custou 8:921$800. Se é muito, a culpa não é minha: é de quem fez o contrato com a empresa fornecedora de luz.”

A respeito dos gastos com telegramas:

“Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos, forçados pelos inspetores, que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha – um telegrama; porque se deitou uma pedra na rua – um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela – um telegrama. Dispêndio inútil. Toda a gente sabe que isto por aqui vai bem, que o deputado morreu, que nós choramos e quem em 1559 D. Pero Sardinha foi comido pelos caetés.”

E por conclusão:

“Não favoreci ninguém. Devo ter cometido numerosos disparates. Todos os meus erros, porém, foram da inteligência, que é fraca.
Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome.
Não me fizeram falta.
Há descontentamento. Se a minha estada na Prefeitura por estes dois anos dependesse de um plebiscito, talvez eu não obtivesse dez votos.”


Como já disse, um texto para ser degustado. Como todos os outros dele.

Ainda hoje me perguntou como as professores do ginásio conseguiam fazer Graciliano parecer chato. É uma proeza.

Em tempo: a fotografia acima é do arquivo do DOPS. Do DOPS do Estado Novo, que este é um país de ditaduras mil.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Cada uma que a gente ouve...

"A Matielli está cheio de ofertas..." - trecho de jingle de loja de material para construção.

Será que no curso de publicidade não tem aula de português?

sábado, 5 de janeiro de 2008

Pela estatização do Masp


Segue um link para o abaixo-assinado pela estatização do MASP. Hoje o museu pertence à uma sociedade de direito privado:

http://www.sosmasp.com.br/sos_masp.php

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Norman Mailer & O Diabo

Logo que este blog foi criado, fiz uma postagem sobre Norman Mailer. Se não me engano, sobre o livro "Os nus e os mortos". Alguns dias depois, Mailer morreu.

Dessa forma, o blog está condenado a ser protegido - ou assombrado - pelo fantasma de Norman Mailer. Pelo resto de nossos dias.

Assim, para aplacar a ira de nosso "padroeiro", sugiro a todos a leitura de matéria da revista Bravo! sobre o último livro dele: O Castelo de Floresta.

É uma espécie de biografia ficcional de Hitler, tratando principalmente de suas origens familiares. O narrador é um demônio, que seria também o responsável por provocar, ou sugerir, algumas das piores ações de Adi.

Isso mesmo: Adi. Até mesmo o anticristo tem um apelido carinhoso em sua família.

Reflexão otimista sobre o ano novo

A humanidade, a maior parte do tempo, é desprezível. O que não impede que algumas pessoas se destaquem.