sábado, 17 de novembro de 2007

No Brasil não existe pequena-burguesia

Percebi esses dias que a classe média (pequena-burguesia) no Brasil é um grupo intocável, ela simplesmente não é alvo de críticas.

Aparentemente ela não existe.

Equanto você tem opiniões diversas sobre os pobres e sobre os ricos, a classe média é o povo brasileiro. Identificamos o seu discurso quando eles se referm como o povo que paga impostos e ainda é obrigada a arcar com o convênio médico familiar e a escola do filho.

Na América Latina quando um esquerdista ou intelectual quer se referir a classe média ele usa o termo pequena-burguesia, no Brasil o termo simplesmente não é usado.

Apesar de Karl Marx se referir aos indivíduos desta classe por pequenos-burguêses, no Brasil o termo esta fora do discurso dos partidos socialistas, principalmente dos radicais.

Aqui existe o povo e a elite ou burguesia - a classe média faz parte do povo.

Eu ainda vou descobrir por que isso acontece no Brasil, se já não descobri.

Tenho ainda uma grande dúvida: Por quê no Brasil os partidos esquerdistas são tão influentes na classe média e tão insignificantes entre os trabalhadores?

Os partidos de esquerda fazem um dircurso direcionado a pequena-burguesia, mas eles não se assumem como pequena-burguesia, usam todas as palavras do vocabulário marxista, menos pequena-burguesia, é como se tivessem vergonha.

A classe média (pequena-burguesia) brasileira se formou ou se fez relevante na década de 70, ela lutou contra a ditadura militar/burguesa, infiltrou-se nos movimentos de esquerda e alçou, como diria Gramsci, a direção intelectual da sociedade.

Não ser socialista, para eles é uma coisa desconfortável por isso eles tem vergonha de ser pequenos-burgueses, até por que Marx e Lenin execravam os lideres pequeno-burgueses nos partidos socialistas.

A pequena-burguesia se define no maximo como classe média, mas classe média não é um conceito é um termo que não diz absolutamente nada. Classe média é uma coisa na Europa e outra na América, na Africa e no Islâ, pequena-burguesia é a mesma coisa em todos os lugares e é determinada historicamente.

10 comentários:

Vera Vilela disse...

Fabio
Belíssimo seu artigo e comentários a respeito da pequena burguesia.
Acho que mais que dar nomes é preciso que se respeite essa classe (assim como todas) uma vez que parece ser ela a maior responsável pelo pagamento de impostos.
Obrigada pela sua visita ao meu blog.
Abraços

Anônimo disse...

Essa conversa de pequena burguesia esta completamente ultrapassada. Pessimo texto, nada tem a ver com o mundo real, é um apanhado de idéias mal alinhadas de um marxismo vulgar, como dizia Eric hobsbawm. Vá ler um Foucault, um Benedict anderson, um Eric Wolf, enfim gente que te abra a cabeça. Pense o que é o poder na sociedade, o que é classe social, e não fique repetindo o que os outros te disseram.

anarquista

Fábio Cassimiro disse...

Não é ultrapassado, no Brasil é que de uns tempos para cá as ideias e os conceitos estão fora de lugar.

Sugiro que leia Foucault!

Anônimo disse...

Não sei vocês mas quando eu tenho alguma dúvida sobre o porquê de certas coisas eu me dirijo à um bar ou padaria e elaboro alguma experiência discursiva para aferir a reação das pessoas.

É um tanto perigoso isso mas como eu sempre ajo com bastante condescendência para com as pessoas e finjo estar precisando de conselhos e orientações as pessoas não vão às vias de fato comigo.

No caso da palavra burguesia a mesma evoca nas pessoas pobres sentimentos bastante negativos de ódio, raiva, medo, insegurança,vingança, enfim, há muita carga emocional negativa represada nas pessoas em função dessa palavra.

Por isso, ao se falar em burguesia, um papo até então alegre se torna um papo agressivo, raivoso, odiento, enfim, uma verdadeira catarse emocional diante das imagens inconscientes evocadas por essa palavra.

Por isso que evitamos tanto essas palavras quando tratamos com o populacho.

Oras, a esquerda brasileira ganha votos justamente com essas pessoas que chamamos descamisadas, que é maioria, pois o valor do voto de cada pessoa, independentemente da classe social a que pertença, é unitário.

Se a esquerda fosse falar bem da burguesia ou da pequena burguesia, a mesma evocaria na grande massa de eleitores, sentimentos negativos que poriam a perder qualquer candidatura.

Por isso, eles fazem um discurso inteiramente voltado para a classe pobre de modo que ela se sinta valorizada politica e socialmente em seus valores e pseudo-virtudes e ainda justificada frente à sua ojeriza pelas classes superiores que destoa de seus valores e pseudo-virtudes.

Essa ojeriza das classes inferiores pelas classes superiores muitas vezes vêm das experiências passadas na adolescência quando estes mesmos pobres queriam se relacionar com os da classe imeditamente acima que eles tanto admiravam e invejavam, mas sentiam-se rejeitados socialmente por eles.

A máxima cristã de amar o próximo como a si mesmo deveria ser mais praticada pela classe média do que pela classe pobre mas infelizmente não é isso que ocorre.

Com isso, a classe média vai ficando desprezada pela grande maioria do populacho que acaba se identificando com sua classe social baixa e não mais querendo sair dela, pois encontrou amparo e força para viver no meio dela e não no meio da classe imediatamente superior.

Basta lembrarmo-nos de quando éramos adolescentes e de como tratávamos as pessoas muito diferentes de nós.

Nem sequer precisa-se ser doutor em psicologia para se entender o que ocorre no sub-consciente de muita gente que a gente considera como pobre.

Abraços.

Anônimo disse...
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Fábio Cassimiro disse...

João,

Obrigado pela contribuição, mas deixa discordar um pouco de você:

De qual esquerda agente esta falando?

Existem dezenas de partidos e movimentos de esquerda no Brasil.

A esquerda mais radical, pelo menos no Brasil, no segundo quartel do século XX em diante tem um discurso que é exatamente o discurso da pequena burguesia.

O modelo de universidade publica defendido é um modelo pra poucos, é o modelo USP de universidade como centro de pesquisas. Na USP a imensa maioria dos professores não dá aula, apenas fazem pesquisas, o que é muito importante, mas expandir o numero de vagas por este modelo é impossível e inútil. Discutir este modelo é um tabu da esquerda.

Um termômetro do comprometimento político com a classe média é a luta contra a CPMF, partidos radicais como, Psol, PSTU e PCO fazem um discurso muito mais inflamado do que PSDB, PFL e PMDB.

Por quê esses ditos "partidos operários" nunca conseguiram a adesão da classe trabalhadora, apenas dos estudantes universitários (de classe média)?

São três exemplos, mas são por estes e muitos outros motivos que eu estou convencido que a esquerda "radical" tem um discurso pequeno-burguês, discurso construído na luta contra a ditadura burguesa em sua fase de ascensão na década de 70.

Anônimo disse...

Com relação aos esquerdismos existentes eu não sou muito conceitual para poder diferenciá-los.

Nesse ponto adoto as definições de Olavo de Carvalho em que todas, sem exceção, possuem orientações marxistas.

Aparentemente, elas querem simplificar a compreensão da sociedade e limitar as possibilidades humanas individuais de cada um resolver seus conflitos pessoais, vendo-se forçado a adotar as soluções estereotipadas da maioria, sob pena de estigmatização social.

Quanto às esquerdas a que me refiro, portanto, é aquela que aí está. As demais apresentarão poucas variações na temática principal.

Quanto às esquerdas do passado eu não as conheci pois vivi meus primeiros 20 anos de vida sob o regime da ditadura militar e os posteriores sob um regime democrático.

Atualmente, faço mais o papel de obervador político do que propriamente de um crítico político. Gosto de ler as teses políticas na internet e apreciá-las no comportamento das pessoas que conheço.

Abraços.

Anônimo disse...

A classe-média brasileira se divide em dois segmentos: intelectualizada e nao intelectualizada.

A não intelectualizada (maioria) é apóloga da direita, defende a repressão policial às classes pobres e brada clichês anticorrupção, pena de morte, etc. Enfim, são colonizadas pela mídia(veja, globo, Estadao)

Segundo Florestan Fernandes, mesmo a classe média intelectualizada, adere a esses discursos mais tarde, quando deixam a juventude para tomarem posse de seus papéis sociais de relevância e destaque. São os alunos da USP que na juventude militam na UNE, são de esquerda mas depois "amadurecem" e viram direitistas.

Classe média, é como o amigo disse, pequena burguesia, segundo marx, "a classe traidora", aforisma q hobsbawm parafraseia magnificamente em sua obra "a era dos extremos". A pequena burguesia é a mesma merda em qualquer lugar e em qualquer época.

A única vez que a pequena burguesia se engajou em luta realmente revolucionária, foi na rev Francesa. Mas isso porque ela não tinha uma grande burguesia com quem se identificar, visto que os girondinos não lhes abriam qualquer espaço na estrutura politicossocial.

O balanço geral é que, sempre, a classe media deu um passo para trás quando o modelo social burguês esteve prestes a ser subvertido, em qualquer lugar. Isso, Hobsbawm menciona no livro "a era das revolucoes". O amigo sabidão aí em cima criticou Fabio, e mandou-o ler Hobsbawm, mas suas idéias estão em consonância com o referido autor.

A classe média ou pequena burguesia, é o anteparo à ação popular, o instrumento de difusão da conformidade social e da manutenção do status quo burguês.
grifos meus.

Anônimo disse...

Sem querer encontrei esse blog que, ao contrário do que escrevem alguns senhores fulcoaltianos e pós moder..., deixa quieto, vão falar que é coisa de marxista -e sou mesmo - tráz uma análise de fato coerente e necessária. Os partidos pretensamente de esquerda no Brasil visam encarniçadamente uma aliança insana com a pequena burguesia, e se esquecem da classe trabalhadora. Escutamos coisas desses partidos que dão a impressão de que a classe revolucionária é a classe revolucionária. Parabéns! Estou justamente iniciando estudos sobre o pensamento pequeno burgues e sua influencia nos partidos de esquerda. Leia foucoalt, claro, e perceba a análise pequeno-burguesa sobre os indivíduos.

Anônimo disse...

onde escreve-se que "a classe revolucionária é a classe revolucionária", lê-se "a classe revolucionária é a classe média".