quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Quero todos!
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
O Brasil Sulino
Jorge Guedes é músico missioneiro, mora com sua família em São Luiz Gonzaga/RS, nas três fronteiras, região das Missões. Com seus três cd´s gravados, em carreira solo, demonstra que há no País uma variedade de cultura e outros ritmos, para além do samba brasileiro. A milonga e o chamamé são exemplos.
O último trabalho de Jorge chama “Das Missões às Cordilheiras”, onde registra por meio das melodias e das letras, a história do povo missioneiro, propõe uma reflexão sobre a ancestralidade do gaúcho e o sentimento da latinidade. Para a realização desse cd Jorge formou parceria com músicos de países vizinhos: Carlos Acuña, Raul Garnica, Thiago Rossato, Luiz Carlos Borges, José Dutra, Texto Cabral, Dernado do Ó, Diego Facundo, Celau Moreira e com poetas da cultura gaúcha (gaúcho é o nome que se dá ao homem do campo na região dos pampas da Argentina, Uruguai e do Rio Grande do Sul e aos nascidos nesse Estado).
Os filhos, influenciados pelo pai, estão ligados à música desde pequenos e há cerca de sete anos o acompanham em turnês pelo Brasil afora. Anahy, de 17 anos, canta; Adriano(São Pedro de La Cordeona), 20, toca uma exclusiva gaita alemã, que segundo ele, há apenas quatro exemplares no País; já o garoto Caray, de 14 anos, desenvolveu habilidade e paixão pelo violão de sete cordas, instrumento que ganhou de seu amigo Yamandu Costa.
O grupo conta também com a participação de Tiago Rossato no acordeón. Eles estiveram no último domingo, 25, em São Paulo para a atividade cultural “Brasil Sulino”, baseada na obra "O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro.
Com o público emocionado pelas músicas que apresentaram no espaço Crisantempo, na Vila Madalena, a família Guedes aproveitou para convidar a platéia ao 4º Encontro Internacional de Chamameceiros, que será realizado em São Luiz Gonzaga (500 quilômetros de Porto Alegre), nos dias 10,11,12 e 13 de janeiro de 2008. Jorge Guedes integra a comissão organizadora e diz que já está garantido para o encontro nomes importantes do Chamamé de vários países, como da Argentina, Uruguai, Paraguai e outros.
Para quem quer aproveitar as férias em janeiro, mas ainda está sem roteiro, tem na boa música missioneira uma razão para ir até o Sul do País e conhecer as tradições gaúchas.
domingo, 25 de novembro de 2007
A Besta
"Aqui há sim gente acadêmica, não temos por que esconder isso e nos orgulhamos disso. Aqui há sim gente que sabe falar mais de uma língua, e não temos vergonha disso. Sabemos bem a nossa língua, não temos vergonha disso. E também sabemos que há brasileiros que não puderam saber falar bem a nossa língua e muito menos as outras."
Para além do preconceito de Sua Alteza, e de suas recentes preocupações gramaticais, FHC arrematou dizendo que quer "brasileiros melhor educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria", numa referência grosseira ao presidente Lula, um ignorante, segundo FHC.
Ocorre que, pela norma culta, o correto seria "mais bem educados" (e não melhor educados como disse o mal educado FHC).
Segundo a professora Thais Nicoleti, em matéria da folha online, "Rigorosamente, deve-se usar "mais bem" antes de particípio."
Para a professora, o mais grave, no entanto, é o significado da frase do ex-presidente.
"Todos sabem falar a sua própria língua. Não se pode usar a fragilidade da educação formal de uma pessoa para atacá-la. Como professora de português, nunca desmereço o discurso de alguém por sua forma de falar. Isso é politicamente incorreto ou no mínimo mesquinho."
Fim da esquerda?
Aliás, hoje está em voga dizer que tudo acabou e que nada mais vale, valores, conceitos, ideologias, o trabalhador é um mero apêndice do processo produtivo e até o conceito de história querem dar por encerrado. Tenta-se desgarrar a cultura da economia e da política A perspectiva pós-moderna é culturalmente suicida, eles transformam cultura num mero enfeite de parede, ela perde toda a sua conectividade com a vida humana e pode ser desfeita a qualquer momento. Não existe mais burguesia, nem trabalhadores e Estado, os partidos não servem para mais nada, ideologia é uma besteira, classe social é um termo ultrapassado, fazer política é feio. Coletividade? Vamos todos fazer a nossa parte, pois o coletivo é também algo ultrapassado, o que vale é o indíduo. Fazer a sua parte! Basta deixar de comer carne vermelha e entoar um mantra Indy que o mundo será melhor. Dizer que não existe esquerda e direita é fácil. Agora, o que dizer da pobreza e da riqueza ambas crescendo cada vez mais. No entanto, pobreza não é ideologia nem conceito, como diria o presidente Lula "é um fato concreto", assim como o capitalismo, ou será que alguém também vai dizer que não existe capitalismo? Ser de esquerda após a Comuna de Paris significa lutar contra a sociedade capitalista [cultura, política e vida social], ou seja, contra a riqueza e a favor dos pobres, contra a agressão cultural aos povos não completamente integrados ao Mercado. Ser de direita é (resumindo) achar que tudo o que existe é o mercado! Querem substituir interpretação da sociedade através das classes sociais pelos chamados "Padrões de comportamento de consumo" [mercadorias], "classe sócial é coisa do século passado". Ora! O que é isso? O grande mérito de Marx no século retrasado foi mostrar como existia algo de mais complexo entre o homem e as mercadorias, mediações que explicavam a dominação de uma classe sobre a outra, que ele chamou de fetichismo da mercadoria. Os intelectuais de direita (direita pós-moderna) querem desqualificar todos os conceitos e idéias que tentam desmistificar a mercadoria, em contrapartida, eles tentam, consciente ou inconscientemente, fazer erigir um novo Deus – "os Mercados". Ser de esquerda não é só ideal é uma necessidade!
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Atitude Suspeita!
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Um filme nacional
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Música Negra - última parte
Capítulo VII - Brancos de alma negra
E há aqueles que nem de longe são negros, mas encarnaram tão bem o espírito, que vale a pena serem lembrados. Alguns por terem desafiado os costumes da época aderindo ao estilo black, outros por pregarem a igualdade em seus trabalhos.
Janis Joplin
Reza a lenda que, ao ouvir a voz de Janis pela primeira vez, as pessoas se perguntavam quem era aquele negro que cantava com tanta força. Pois é, era mulher e branca...
Frank Zappa
Autor de delícias como Bobby Brown e Brown Moses, veio para quebrar tabus, como por exemplo o de que um músico criativo precisa necessariamente estar chapado. Dizem que era completamente metódico e brigava feio com quem aparecesse drogado nos ensaios. Era branco, mas por conta de sua personalidade eclética flertava com todos os estilos musicais, especialmente os negros.
André Abujamra
“Alma não tem cor, porque eu sou branco/Alma não tem cor, porque eu sou negro”
André tem como ponto de partida de toda a sua obra a celebração das diferenças. Branquinho e de olhos azuis, surpreendeu a platéia de um show anunciando o nome do seu novo CD, Retransformafrikando. “Transformar/ficando porque eu passei por uma cirurgia de redução de estômago e achei que ia morrer, mas fiquei aqui. Ou seja, eu me transformei, mas fiquei no mesmo lugar. E África, bom, África porque eu sou negão.”
Muitas de suas músicas remetem à miscigenação dos povos: Nóis Eh Sampli, Olho Azul, Pangea, Alma Não Tem Cor, O Mundo – outras trazem referências do candomblé, sua religião: Atoto, Oxalá Meu Pai...
Elvis Presley
Na década de 50 era comum os pais mais conservadores taparem os olhos de suas filhinhas ao se depararem com imagens do rei do rock. Elvis desafiou a elite trazendo para o público branco características típicas dos negros: o rebolado, os acessórios exagerados, cabelón armado.
Michael Jackson
Só pra não perder a piada...
Há milhares de excelentes artistas que não foram citados aqui, mas seria impossível falar de todos. Lembrem-se que é uma matéria amadora de uma pessoa amadora. Os comentários estão à disposição de quem quiser complementar algum tópico com mais informações.
Feliz Dia da Consciência Negra!
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Música Negra - parte VI
O soul, música tipicamente norte-americana, ganhou seguidores aqui no Brasil: músicos que fundiram duas manifestações culturais diferentes num estilo único.
Tim Maia – Bom Senso (música do CD Tim Maia Racional)
Esta sem dúvida marca a fase mais doida de Tim Maia. Por que doida? Porque só uma pessoa muito louca pra eleger um único livro como o responsável pelo seu bom senso. Nem o mais radical dos marxistas diz isso de O Capital. “Já senti saudade/Já fiz muita coisa errada/Já pedi ajuda/Já dormi na rua/Mas lendo, atingi o bom senso/A imunização racional...”
No final da gravação ele diz, em tom bem sério: “Leia o livro `Universo em Desencanto´“. Ai que medo, não leio não.
Jorge Ben – O Homem da Gravata Florida (música do CD Músicas Para Tocar em Elevador)
Difícil eleger uma música para representar esse cara, porque ele tem muita coisa boa. Ele consegue unir a musicalidade negra com letras poéticas, muito bom!
Sandra de Sá – Olhos Coloridos (música do CD Sandra de Sá)
“Você ri do meu cabelo/Você ri da minha pele/Você ri do meu sorriso/A verdade é que você/Tem sangue crioulo/Tem cabelo duro/Sarará crioulo...”
Trecho auto-explicativo. Arrasou, Sandrona!
Wilson Simonal – Nem Vem que Não Tem (música de CD desconhecido)
“Nem vem que não tem/Nem vem de garfo que hoje é dia de sopa...” – Só esse trecho já vale a música inteira. Ihú.
Música Negra - parte V
Aqui no Brasil o negro trouxe a base da maioria dos ritmos que consideramos nossos. O samba, o jongo, o coco, o boi-bumbá, o choro, a bossa nova, tudo veio da África. É complicado citar nomes, porque também são alguns dos ritmos que eu mais ouço... ai ai ai, do quê que eu não gosto? Mas vamos lá...
Samba:
Clara Nunes – Para Sempre Clara (CD)
Um dos maiores nomes do samba no Brasil.
Adoniran Barbosa – absolutamente tudo (obra completa)
Porque paulista também sabe sambar.
Tem também Lupicínio Rodrigues, Cartola, Paulinho da Viola, Noite Ilustrada, Elza Soares (Carne Negra é essencial!!!), Jackson do Pandeiro, Noel Rosa, etc, etc, etc...
Raiz:
A Barca – Turista Aprendiz (CD)
O grupo fez uma pesquisa sobre as canções anotadas por Mário de Andrade no início do século XX em suas andanças pelo Brasil. Resultou em um delicioso tributo aos mais variados ritmos brasileiros láááá do fundo da raiz. (Fundo da raiz é ótimo).
Choro:
Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Garoto, Benedito Lacerda, Altamiro Carrilho.
domingo, 18 de novembro de 2007
Música Negra - parte IV
A mistura do ritmo negro com a sobriedade inglesa deu origem à elegante sonoridade do jazz. É um estilo ao mesmo tempo sofisticado e livre, já que permite muita improvisação. Tem como base os metais de sopro (trompete, sax, etc.), mas também há a presença do piano, bateria, etc. Existem nomes fortíssimos que eu poderia citar aqui, de verdadeiros gênios do jazz, mas vou me limitar a indicar quatro:
Dave Brubeck – Take Five (música de CD desconhecido)
Traditional Jazz Band – Ain´t She Sweet? (música de CD desconhecido)
Ella Fitzgerald – absolutamente tudo (obra completa)
Billie Holiday - absolutamente tudo (obra completa)
O blues veio da expressão norte-americana blue, que, além de azul, significa triste. Era a música que o negro fazia no seu cativeiro, com uma gaitinha que tirava do bolso e muita criatividade. A palavra funk vem de funky, expressão que se referia ao mau-cheiro exalado pelo negro quando dançava. Como não sei a origem exata do funk e do soul, mas acredito que tenha uma raiz semelhante à do blues, vou juntar tudo no mesmo balaio e indicar alguns artistas no mesmo tópico. Amo todos esses estilos, mas não saberia definir onde termina um e começa outro. Como exemplo, ouçam James Brown, Wilson Pickett, Kool & the Gang, Chambers Brothers, Aretha Franklin, Diana Ross, Jimi Hendrix, Sly & The Family Stone, Jackson 5, Funk Como Le Gusta, Blues Etílicos, etc. Pra quem é de Bacaroço, procure pelo Mad Dog Blues, geralmente tocam às sextas-feiras no Depois Bar.
Música Negra - parte III
Capítulo III – A música latina
Com a vinda de escravos africanos ao continente americano, fundiu-se a sensualidade hispânica com a malemolência do negro, dando origem a alguns dos meus ritmos preferidos: salsa, merengue, rumba, mambo... Tornou-se marca registrada de países da América Central, como Cuba, México, e em 2000 foi tema do premiadíssimo documentário que indicarei abaixo. Aqui no Brasil, teve um filhote que causou certa “febre” nos anos 80, a lambada; esta, porém, teve fins muito mais comerciais do que artísticos. Recomendo:
Win Wenders - Buena Vista Social Club (DVD)
Facinho de encontrar na baciada das Americanas por preços módicos. Conta a história de músicos cubanos, com cerca de 60 a 70 anos. Wenders gravou o documentário a partir de relatos de grandes intérpretes, como Ibrahim Ferrer e Ry Cooder, que falam à câmera diretamente das ruas de Havana. Intercalam-se aos seus relatos versões ao vivo e em estúdio de músicas lindas.
Los Lobos – Tequila (música de CD desconhecido)
Não sei dizer nada a respeito desta música nem da banda, exceto que é ótima e tocava bastante no Pub.
Fruko Y Sus Tesos – El Preso (música trilha do filme Maria Cheia de Graça)
Esta música é parte da trilha sonora do filme colombiano Maria Cheia de Graça, que aliás, eu super recomendo. Toca em um club que Maria visita no início do filme. Fruko Y Sus Tesos é uma banda de salsa muito popular na Colômbia e El Preso foi um dos seus maiores hits.
sábado, 17 de novembro de 2007
Livro de Hilda
“Escrever é preencher folhas de papel com pânico e solidão, com a suspeita de ter perdido o rumo ou de nunca ter havido algum”, diz a nota do tradutor que transmite a aura do livro.
Ferik
No Brasil não existe pequena-burguesia
Aparentemente ela não existe.
Equanto você tem opiniões diversas sobre os pobres e sobre os ricos, a classe média é o povo brasileiro. Identificamos o seu discurso quando eles se referm como o povo que paga impostos e ainda é obrigada a arcar com o convênio médico familiar e a escola do filho.
Na América Latina quando um esquerdista ou intelectual quer se referir a classe média ele usa o termo pequena-burguesia, no Brasil o termo simplesmente não é usado.
Apesar de Karl Marx se referir aos indivíduos desta classe por pequenos-burguêses, no Brasil o termo esta fora do discurso dos partidos socialistas, principalmente dos radicais.
Aqui existe o povo e a elite ou burguesia - a classe média faz parte do povo.
Eu ainda vou descobrir por que isso acontece no Brasil, se já não descobri.
Tenho ainda uma grande dúvida: Por quê no Brasil os partidos esquerdistas são tão influentes na classe média e tão insignificantes entre os trabalhadores?
Os partidos de esquerda fazem um dircurso direcionado a pequena-burguesia, mas eles não se assumem como pequena-burguesia, usam todas as palavras do vocabulário marxista, menos pequena-burguesia, é como se tivessem vergonha.
A classe média (pequena-burguesia) brasileira se formou ou se fez relevante na década de 70, ela lutou contra a ditadura militar/burguesa, infiltrou-se nos movimentos de esquerda e alçou, como diria Gramsci, a direção intelectual da sociedade.
Não ser socialista, para eles é uma coisa desconfortável por isso eles tem vergonha de ser pequenos-burgueses, até por que Marx e Lenin execravam os lideres pequeno-burgueses nos partidos socialistas.
A pequena-burguesia se define no maximo como classe média, mas classe média não é um conceito é um termo que não diz absolutamente nada. Classe média é uma coisa na Europa e outra na América, na Africa e no Islâ, pequena-burguesia é a mesma coisa em todos os lugares e é determinada historicamente.
Música Negra - Parte II
A religião é mais um ponto onde o negro é discriminado. Ao chegar à terra onde era escravizado, devia imediatamente se converter aos costumes religiosos locais. Todas as suas práticas espirituais de até então eram consideradas demoníacas; e até hoje há uma crença muito forte de que candomblé e umbanda são do demônio. Com o tempo e a luta deste povo, a sonoridade dos cantos religiosos vêm ganhando cada vez mais destaque. Indico:
A Barca & Casa Fanti Ashanti – Baião de Princesas (CD)
O CD é do grupo brasileiro A Barca, e foi gravado em parceria com a Casa Fanti Ashanti, em São Luís do Maranhão. A Casa é um dos mais importantes centros culturais negros do país, onde se realizam cultos de candomblé, cura/pajelança, samba angola, ladainhas, procissões, festas do Divino e inúmeros rituais internos.
Mawaca – Aguerê de Iansã (música do CD Astrolábio Tucupira)
Trata-se de um orin (cantiga de candomblé). Baseando-se na estrutura do ritmo aguerê, foi criada uma melodia de apenas duas notas que utiliza expressões em iorubá próprias para invocar Iansã, a deusa guerreira que rodopia como vento com suas iaôs.
Mawaca – Maracatus (música do CD Astrolábio Tucupira)
Pot-pourri de Quando eu vim de Luanda e Luanda Miçanga, canções coletadas em Recife-PE, que remetem à cidade de Angola. Fala sobre características dos reinados africanos, como a rainha, o rei, a boneca negra. Parceria do Mawaca com os Meninos do Morumbi; seu líder baseou-se nos ritmos de maracatu tradicional e criou um outro maracatu, utilizando alguns instrumentos de percussão de escola de samba.
Música Negra
Já que estamos em clima de dia da consciência negra, vamos falar um pouco de música black.
O princípio de qualquer explanação sobre qualquer assunto normalmente é conceituar o que se vai discutir. Com música negra isso fica bem difícil, já que é um tema absurdamente abrangente.
Pausa para um causo.
Certa noite estávamos eu e Ferik a perambular pelas ruas de Sampa a procura de uma baladinha interessante. Paramos em frente à Sarajevo, perguntamos ao segurança o que rolava lá, ele disse que aquela noite era música black. Imediatamente nos veio à mente James Brown, Jorge Ben, Kool & the Gang. Entramos felizes e contentes, e ao atravessar um corredor (com certa dificuldade, pois tinha muita fumaça no ar), nos deparamos com uma salinha minúscula com um DJ tocando uma mistura de reggae com hip-hop, vários caras de dread e muita, muita fumaça. Fomos para o fundo do local, onde tinha um barzinho, sentamos numa mesa com dois rapazes e ficamos divagando a respeito da diversidade disso que se chama de música black.
Enfim, a música negra se espalhou por todo o mundo, e em cada lugar que parou se misturou com a cultura local, o que fez com que se criassem vários estilos a partir de uma única raiz. Embora exista uma enorme diversidade de vertentes, em todas elas há características em comum, como o balanço e a sensualidade do negro. Além disso, por ser uma manifestação cultural de um povo excluído, muitas vezes acaba tomando a forma de protesto: um meio de resistir à dominação mantendo sua identidade cultural – o que, cá entre nós, torna esta arte bem mais interessante.
Como não sou etnomusicista, vou discorrer sobre o pouco que conheço a respeito do tema, portando será um texto parcial e incompleto. Mas é de coração... :)
Obs: descobrimos uma pista de samba-rock no último andar da Sarajevo e terminamos a noite por lá mesmo.
Para facilitar a postagem, o texto será dividido em sete capítulos.
Capítulo I - O início
Dizem que a humanidade começou na África; logo, as primeiras manifestações musicais devem ter surgido por lá. É óbvio que hoje, se dermos uma voltinha pelo continente, não veremos tribos com argolas nos narizes batucando tambores. No entanto, alguns grupos de pesquisa musical procuram resgatar estes sons e fazem um excelente trabalho, nos colocando frente a frente com o que há de mais visceral em termos musicais. Minhas dicas são:
Mawaca – Tambores de Mina
Barbatuques – Djengo
Fanta Konatê – obra completa
O cortejo fúnebre da Revolução
Enquanto eu aguardava uma mesa que debateria o cinema revolucionário, avistei uma das cenas mais surreais já vistas por mim na USP.
Um grupo pequeno de rapazes e moças vestidos de preto (camisas de banda de rock) foi se aproximando do prédio da história tocando tambores num rítimo de suspense, parecia um funeral (lembrei também de uma cena de chegada da morte numa peça de teatro), dois deles carregavam uma bandeira do PCO enquanto outros panfletavam o boletim do partido.
Na verdade tratava-se da seção de um grupo de maracatu (que eram também militantes do PCO) indo ensaiar no gramado do outro lado do prédio da História, o trajeto até o local eles fazem sempre tocando, só que este grupo aproveitou para fazer propaganda do partido em frente a história, na USP os coletivos políticos sempre ensaiam maracatu.
Como o nome do Seminário era “Uma Jovem de 90 anos “ não pude ter outra reação a não fosse dizer: Será que Revolução morreu?? Isso parece um cortejo fúnebre!
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Feira de Livros da USP
Ou seja, se você quer comprar aquele lançamento que custa R$ 60, lá você o encontrará por R$ 30.
A feira, que ocorre sempre no mês de novembro, ficará na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFLCH) até sexta-feira, dia 23. Ela é muito badalada porque é a única oportunidade de se comprar livros pela metade do preço.
Uma dica: quem puder ir no dia 21, pode aproveitar a ida à USP e conferir às 18h30 no auditório do CRUSP, "Camargo Guarnieri", a palestra de Istvan Mezaros, que lançará seu livro "O desafio e o fardo do tempo histórico", da Boitempo Editorial e que custa R$ 57. Como é bem provável que a editora participe da feira, vc pode comprá-lo com desconto e levar para Mezáros autografar.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
I Salão Jornalista Escritor
Após a entrevista no auditório o jornalista e escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo faz sessão de autógrafos.
A primeira foto mostra a exposição de capas de livros do artista Elifas Andreato, no salão há também stands da editora Imprensa Oficial e da Livraria da Vila, onde pode ser comprados os livros de todos os convidados do I Salão Jornalista Escritor.
15/11
(mais sobre as palestras de Ruy Castro, Heródoto, Kotscho e Ramonet no http://www.fremitos.blogspot.com/)
Biblioteca Zumbi dos Palmares
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Bancos ajudam a colocar a leitura em dia
Eu estava com um livro de crônicas, do jornalista Ricardo Kotscho, para terminar. Tinha “abandonado” temporariamente a leitura porque surgiram algumas outras urgentes, mas sempre que saio de casa carrego comigo um livro, para me fazer companhia no ônibus.
Hoje levei esse, faltavam pouco mais de trinta páginas.
Quando cheguei no banco observei que a fila estava grande, sem estresse, saquei da bolsa o livro e comecei a ler. Para minha surpresa havia outra mulher na fila compenetrada em sua leitura. Tentei, mas não consegui ver o título do livro dela. Pura curiosidade.
Apesar de existir uma lei municipal que proíbe os bancos de deixarem seus clientes aguardando por mais de vinte minutos, fiquei lá por meia hora, tempo suficiente que me permitiu saborear cinco crônicas.
E já que estamos falando de lei não cumprida, há uma outra, um pouco mais recente, que obriga a colocação de biombos para conceder mais privacidade aos clientes. Nesse banco em que eu estava isso também não estava de acordo.
Mas então, voltando para o objetivo deste post, quero dizer que se você tem que andar de ônibus, enfrentar alguma fila e está com algumas leituras em “atraso”, não saia de casa sem um livro. Ele será muito útil para te entreter. Enquanto espera resolver seu compromisso poderá ter o prazer da leitura, o que ajudará a não estressar com o horário. Nos casos de filas de bancos, conseguirá reverter o não-cumprimento de uma lei em algum benefício para você.
Ferik
Reflita o que você é
domingo, 11 de novembro de 2007
As grandes cabeças da minha geração
João Paulo Cuenca, em Corpo Presente
sábado, 10 de novembro de 2007
Este blog dá azar
Só pode ser. Na quinta-feira escrevi um post sobre história e literatura, ou melhor, sobre como a literatura serviria como fonte para a história.
No post em questão, citei o exemplo do escritor Norman Mailer e seu romance Os Nus e os Mortos.
E para minha surpresa, morreu, na manhã deste sábado, em Nova York, o escritor norte-americano Norman Mailer. Ele estava com 84 anos, e foi vítima de falência dos rins. Ligado à contracultura, autor de 11 romances e vários ensaios e peças de teatro, Mailer foi um dos intelectuais mais famosos dos EUA nas últimas décadas.
Venceu duas vezes o prêmio Pulitzer e foi co-fundador da revista alternativa nova-iorquina "Village Voice". Mailer foi também um dos pais do "novo jornalismo", que ajudou a divulgar a partir dos anos 60 com artigos em dezenas de jornais e revistas.
É um blog predestinado: escrevi sobre Mailer na quinta e ele morre no sábado.
Prometo que amanhã escrevo algo sobre o Bush.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Cordel sorocabano sobre fuga de escravos - "Preto Pio"
De acordo com o autor, depois dessa fuga o Clube Militar se recusou a dar caça aos escravos fugitivos; em Porto Feliz chegaram os imigrantes belgas para substituir a mão-de-obra que se escasseava; em Sorocaba foi declarada a abolição antecipada e em maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea.
A fuga de escravos de Capivari, chamada por José do Patrocínio de "Êxodo de Capivari" teve ainda auxílio dos caifazes de Antônio Bento que estavam à frente na campanha abolicionista de São Paulo. A história do Preto Pio foi brevemente tratada no livro do mesmo autor, lançado em dezembro de 2006, intitulado "Scenas da Escravidão - Breve ensaio sobre a escravidão negra em Sorocaba" e, ainda, nos livros "Perseverança III e Sorocaba", de José Aleixo Irmão; "A escravidão no Brasil", de Jaime Pinsky e "A Marcha" de Afonso Schmidt. Este último é provavelmente o livro que traz maiores informações sobre esse episódio esquecido de nossa história.
"A figura do Preto Pio é um exemplo, tanto quanto Zumbi ou mesmo Espartacus; com a vantagem de que o Pio era da nossa região, do Médio Tietê", defende o autor.
O "Romance Policial Brasileiro"
Tony Bellotto, guitarrista dos Titãs, e escritor apenas "simpático", que lança seu 5° romance, "Os Insones", disse, em entrevista, que procurar descobrir uma nova forma de escrita, mais original, criando, assim, o "Romance Policial Brasileiro", deixando de lado os grandes mestres norte-americanos.
Ora, Tony, é fácil. Quer conhecer o grande "Romance Policial Brasileiro"? Leia Rubem Fonseca.
"Mandrake", do canal HBO, baseada em personagem do mestre Rubem Fonseca. E é casado com Malu Mader,Em defesa de Tony Bellotto, diga-se que é um grande músico, e roteirista da série uma atriz linda, de uma beleza singular.
E ainda quer ser o "Grande Romancista Policial Brasileiro"?
Deixe um pouco para os outros.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Cultura? Vamos falar de sexo! Sexo, mulheres e vinhos
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Literatura e História
"Aprendi mais em Balzac sobre a sociedade francesa da primeira metade do século (XIX), inclusive em seus pormenores econômicos (...), do que em todos os livros dos historiadores, economistas e estatísticos da época, todos juntos"
Afirmação bastante precisa, no que diz respeito a Balzac, e verdadeira também para outros escritores.
Posso mencionar um livro de Norman Mailer, Os nus e os mortos.
Diz mais sobre a segunda guerra mundial, no cenário do oceano pacífico, do que muitos tratados de história.
Deixo para os futuros historiadores - o Fábio, em especial - a sugestão de um levantamento das principais obras literárias de um período a ser estudado.
Não apenas como curiosidade estética, mas como fonte relativamente confiável de dados, de descrição dos costumes, da mentalidade, enfim, da sociedade de uma forma geral, num dado momento histórico.
domingo, 4 de novembro de 2007
A guerra dos sexos
"Ninguém jamais vencerá a guerra dos sexos: há muita confraternização entre os inimigos".
Henry Kissinger