quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O Artista e a Obra

Ontem finalmente assisti Closer, que passou na tv aberta em versão dublada. Já tinha alugado uma vez, mas o DVD veio com defeito! Acho que foi uma providência divina, porque tem que estar preparado psicologicamente pra esse filme. Se eu tivesse visto na época tinha desidratado de tanto chorar...
Não vou entrar em minúcias sobre o filme, até porque o texto ficaria enome e eu não tô a fim de dividir em sete partes de novo. O detalhe que eu preciso comentar é a trilha sonora, em particular uma música: "The Blower´s Daughter", conhecida por aqui como "É Isso Aí", versão de Ana Carolina & Seu Jorge.
Conhecia "É Isso Aí" há alguns anos, quando a música fez sucesso nas rádios. "The Blower´s..." eu já tinha ouvido, mas num contexto onde não houve tanto impacto quanto no filme. A versão de Ana Carolina é o tipo de música que você acha legal na primeira vez, legalzinha na segunda e insuportável a partir da terceira. Sempre achei que o problema fosse o refrão repetitivo, mas hoje notei a diferença que faz a interpretação do artista sobre a obra.
A versão original é um desabafo, não uma declaração de amor. Damien Rice canta como se estivesse com um nó na garganta, como aquelas frases que estão gritando lá no fundo, mas a gente não tem coragem de dizer: aí a voz sai curta, baixa, quase rouca. Fragilidade, aliás, que casa perfeitamente com a personagem de Natalie Portman em Closer, o que faz com que as cenas tenham, paradoxalmente, muita força.
Já Ana e Jorge fizeram uma outra leitura, bem mais popular. Ambos cantam com seus típicos vozeirões, prolongando as vogais: "Eu não sei paraaaaaaaaaaaaaaaaar de te olhaaaaaaaaar"... pronto. Acabou com a delicadeza da música e transformou em algo que provavelmente entrará numa coletânea brega daqui a uns 10 anos. Exagerado, dramático, histérico. Até o nome, que na tradução exata seria "A Filha do Vento", ficou popularesco: "É Isso Aí".
Por outro lado, existem outras releituras que melhoram a música. Um exemplo é "Vida Louca Vida", originalmente gravada por Lobão, toda rock´n´roll, depois gravada por Cazuza, em ritmo de balada. O próprio Lobão disse que detestou sua versão e "deu" a música pro Cazuza.
Dificilmente músicas traduzidas para o português ficam interessantes. Como exemplo, além da primeira citada, temos várias de Sandy&Jr. e muitas baladinhas regravadas por duplas sertanejas. Tem também "Back At One", regravada pela Ivete Sangalo. O que ocorre nesses casos, geralmente, é que a primeira versão já é ruim; diferentemente de "The Blower´s...". Acho que aqui, o problema foi adaptar uma obra que foi originada em outra cultura para o Brasil: não combinou...
E vocês, o que acham?

Um comentário:

arìam disse...

Toda razão Lauren...Esses dias conversando com o Toco, sobre essa questão de música, chegamos ao consenso que, depois de Gil (o ministro, até que venha o cãozinho dos teclados),nenhuma versão é digna.
Quanto ao filme - já achei denso e hoje acho tedioso. Mas é questão de gosto mesmo. E por culpa do Seu Jorge e da Ana Carolina, não aguento nem a música em sua versão original, os primeiros acordes já me fazem correr léguas...rs.
Bjoooo. é isso aíiiiiiiiiii!