sábado, 8 de dezembro de 2007

Liberdade de imprensa

Como observou de maneira brilhante Eduardo Galeano, existe “um divórcio exemplar entre a realidade real e a realidade dual” que explica o relacionamento da mídia com a construção de uma falsa noção de democracia que vem imperando na assim chamada "opinião pública", onde de um dia para o outro o lobo passa a cordeiro e o cordeiro a lobo, um psicopata do BOPE a herói, a pivô de um escândalo de corrupção capa da Playboy e, do mesmo modo, um adolescente da periferia (criminoso ou inocente) é reduzido a categoria de "menor" enquanto um delinqüente de classe média pode ser chamado de estudante.


Democracia e imprensa tem uma relação muito íntima, mas as vezes é uma relação invertida. A respeito do que vem acontecendo na Venezuela, eu tenho defendido o governo Hugo Chávez ultimamente, não pelo que ele é mas pelo o que ele representa, da mesma forma a imprensa mundial o vem atacando, não pelo que ele é mas pelo que ele representa, pois é verdade que o capitalismo mundial não esta sendo confrontado tão seriamente como afirmam os chamados "chavistas", o capitalismo não é tão indefeso como um cordeiro e tão pouco Chávez é um "lobo vermelho", mas o que ele representa é que causa calafrios em muitos editores de conglomerados midiáticos - a patuleia ignorante.

Eu já disse várias vezes que se a justiça funcionasse na Venezuela a RCTV teria sido fechada em 2002, quando atuou ativamente em favor do golpe de Estado que depôs o governo atual por 48 horas, e de fato, a justiça realmente não funciona, pois, a RCTV não foi fechada, sua concessão é que não foi renovada pelo presidente, como lhe era de direito renovar ou não. No Brasil também é assim, aliás a concessão da Globo esta para vencer, por quê não repensamos também o papel da Fundação Roberto Marinho no país? O governo Lula não parece acenar para esta possibilidade. Talvez esteja ai o motivo de todo o medo que a grande mídia incita contra o exemplo venezuelano.

Durante todo o ano os jornais diários de Caracas estamparam manchetes do tipo “Aqui não há liberdade de imprensa”, entretanto, sem que deixassem de circular um dia sequer, além disso, desde quando Chávez foi eleito em 1998 o único canal de televisão a ser fechado foi o Canal 8 (pró-chavez) durante o golpe de 48 horas, e não houve uma só nota de indignação no restante da imprensa, nem aqui no Brasil, nem na Europa.

"Que estranha democracia vivemos !" (Galeano)

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