terça-feira, 24 de junho de 2008

do
Insuporstentabilidade (Mas eu tento!)

Agora tento ser verde. Agora fico bege em pensar alguém entrando em casa, tropeçando nas muitas sacolas plásticas de lixo que, mais um dia, eu esqueci de colocar lá fora, à disposição daqueles homens fortes e bem dispostos que correm a cidade com condicionamento de atletas. Eu ficaria bege caindo pro roxo se tentasse o mesmo pique. Além de não realizar coleta seletiva, emito fumaça tóxica o dia todo na atmosfera. Claro, depois que elas fazem uma graça nos meus pulmões. Será que ainda são dois?
Minha mãe ri, por torturantes segundos, quando me percebe repassando dados de um monte de órgão ambiental aos quais nunca dei ouvido. Eu também.
E me preocupo em atualizá-los. Mas penso nisso no trabalho, com o 34º copinho descartável de chá em mãos. Esta conta é duplicada pois, se não sustento a causa também não sustento um copo quente em mãos, e pego dois de uma só vez. Só desenvolvi a prática de sofrer a mudança de temperatura nas mãos com o gelado. Bem gelado. Se possível, sem colarinho.

Também nunca plantei uma árvore. E de pirraça, não clicava naquele site do Click-Árvore. Nunca espalhei uma mudinha que fosse na terra. Nem de Maria-sem-vergonha - já que não sei me portar frente à concorrência.

E se há a defesa de que todo mundo que mora sozinho precisa de um animal ou planta para se entreter, já adianto que quando não me suporto, me ignoro. Não confio em gente que entende o que diz as plantas e discute o relacionamento com o gato. Ambos. E não é por ser chata. É pelo meu panceticismo.

Mas se gasto mais de 30 minutos embaixo de um chuveiro pelando diariamente, sou redimida por não ingerir muito este recurso nos dias úteis. Se não fosse a desidratação dos dias de ressaca, minha cota seria a menor do que de muita gente ambientalmente correta que usa conta-gotas.
Ok! Eu fazia xixi nas águas do último rio inteiro do Estado de São Paulo (Rio Ribeira). Mas eu não sabia.
E semana passada gastei cerca de R$ 20,00 comprando bijuterias. O detalhe é que eram de papel reciclado. Sentiram? E não foi charme, foi por desejo mesmo. Fiquei muito desconfiada da artista-ambientalista-neohypada que me entregou as peças em uma sacolinha plástica. Disse a ela que não combinava com minha Eco-bag. Sim eu tenho uma, ou melhor, duas!

O mesmo consumo sustentável que anda insustentável em mim. Como parte de mim, temo ser “momento”. Mas no momento tomo Coca em minha canequinha verde. Não, ainda não saio com a dita cuja a tiracolo, pendurada naqueles barbantinhos bastante suspeitos. Mas já me aguça levá-la a uns passeios. Pôxa! Preciso me redimir com a quantidade de copos descartáveis que utilizo!
E para desespero da minha amiga Sandra, que tem planta, fala com gato, mas não levanta bandeiras à não ser de: Abaixo ao Mc Donalds! Encomendei uma camiseta da WWF.

Sim, eu ainda gasto muito papel diariamente. Ignoro àquelas mensagens que vêm na assinatura dos releases que me pedem para antes de imprimir a página pensar no impacto ecológico. Pôxa! Se eu não imprimir terei que decorar o tal release, não dá! Alguém já viveu a tortura de um deadline de jornal diário? E ter que gravar as entrevistas? Eu sei que é a forma mais segura, só que emburrece também. Sinto muito mundo, isto é mais difícil para mim. E papel reciclado é caro. E eu sou jornalista. De jornada dupla: jornal-bar, bar-jornal.

Agora uma boa causa no meio da causa ambiental é a quantidade de homem “bom” atrás das mais distintas bandeiras. Nunca tive fontes tão fortes, seguras, interessantes...enfim, em outras épocas de trabalho. Certo que eles são meio emperrados para falar. Temem a ignorância de nós, pobres generalistas. Especialistas em tudo um pouquinho, o mesmo que um monte de nada. Mas a resistência pode ser charmosa. O que custa perguntar pela octogésima vez a definição de Bioma, Biomassa, Biodiesel, o que quer dizer EIA/RIMA, e isto rima com o quê mesmo?
E o tal deve ficar tentando imaginar a mesma coisa que eu: Em que raio de lugar estava Maíra nas aulas de Física, Química, Biologia? Nem argumento que era da ala dos que estavam mais para as letras. Pensando na minha casa bem situada em uma lomba, de onde eu só escreveria.
Morar no mato não é de agora não. Mas agora já sei o melhor modo de fazer uma plantação em mandala. Para a irrigação, claro!
E agora também temo que, ter de plantar feijão no pó deixe de ser apenas um refrão do Elomar. Ai, o Elomar também é de antes dessa fase verde, por mais que não pareça.

Certo que domingo botei fogo para acender galhos secos e fazer uma pequena queimada. (Se a Cetesb e a Patrulha Verde questionar eu nego tudo!). Mas era para aquecer. E eu sabia que iríamos travar uma briga feia com a umidade da noite de baixíssima temperatura, de um fim de semana que só trazia o alerta de “úmido”.
Não fiz xixi na cama por mexer com fogo, mas meu pé amanheceu com uma estranha bolha. Poderia ser só o resultado de ficar a noite toda com o pé em cima de um graveto. Mas também um castigo.

Quando criança, ainda na pré-escola. E é importante frisar que foi nesta época que passei a reconhecer meus limites e a odiar as atividades de passar o macarrão dentro do barbante para fazer um colar, ou mesmo ladear os desenhos com feijão, pipoca ou papel cortado. Nunca tive coordenação motora. Nem paciência.
Passado estes maus momentos, um dia a ‘Tia Nenzinha “– A quem ainda chamo de tia, nunca descobri o seu nome verdadeiro, e ainda me olha como se eu tivesse quatro anos - chamou minha digníssima e orgulhosa mãe para falar sobre os disparates do seu pequeno ser na unidade escolar. Justo minha mãe que queria, de todas as formas, me transformar em uma Picasso de saias. Mas longas, para esconder o Picasso (Desculpem, perco o espaço mas não a piada de quinta,rs).
Enfim, mamãe teve uma grande desilusão, pois a tia havia falado para ela que eu era a única que não conhecia cores e era melhor ela ver se eu tinha algum POBREMA. Aí Dona Léa me puxou para um papo-cabeça, questionando pq raios eu havia pintado o rio e as montanhas da mesma cor: marron. Diferente dos meus colegas, espertos, astutos, coniventes e pouco críticos que sabiam que o rio era azul e a montanha era verde, pois formada de árvores.
Já decepcionada e quase dando pinceladas em mim, mamãe teve que ouvir da pequena ex-guru dos pincéis que o rio, que cortava a cidade, não era azul nem ali nem na China (Claro, sem esses argumentos). E que havia pintado apenas um pedaço da montanha que fica na entrada da cidade. Para a surpresa de mamãe, fomos até o local, onde ela percebeu que havia acontecido queimada – como é praxe – e as árvores estavam queimadas, não bem marrom, é certo, mas mais para o marrom do que para o verde dos desenhos dos meus astutos coleguinhas. Que nem se daltônicos veriam o Rio Ribeira azul. E nem ninguém.

E quem vai dizer que já não nasci insusten(por)távelmente ambientalista? Hum!
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PioreS*: Fóruns, palestras, simpósios, inaugurações em universidades e outros eventos de bandeira “ambientalismo+sustentabilidade” na city, tomados por copinhos plásticos. Sendo todos entupidos, utilizados, cuspidos, amassados e substituídos por mais outros. Claro, por aqueles que torceriam o nariz para meus banhos de 30 minutos.
P S*: Etiqueta: “A moda é ser sustentável”, que está nas Eco-bags produzidas localmente e que sustento e anda nas costas de várias sorocabacanas ecologicamente na moda, quer dizer, corretas.
Pois em vezes este blog é muito chato! (rs)

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