segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sobre a questão da Cultura

Um Brasil rico não basta

Apesar da crise internacional que se avizinha, com a queda das bolsas, o preço do petróleo, a estagnação econômica prevista para algumas grandes potencias, a inflação que se insinua universal, a crise energética e ambiental, o Brasil se projeta para ser uma grande nação nos próximos vinte anos.

Temos, como se sabe, um espaço privilegiado para a produção de commodities agrícolas, possuímos reservas imensas de petróleo, temos água para produzir energia limpa, conhecemos a melhor perspectiva para a produção de etanol, sem prejuízo para a agricultura, construímos um parque industrial bastante maduro, um sistema financeiro sólido, tanto do ponto de vista tecnológico quanto de serviços. Isso tudo, aliado a uma população etnicamente generosa e politicamente aberta, possibilita o advento de uma grande nação com características adequadas a este novo período da história universal.

Contudo, a relativa ignorância cultural de nossa burguesia, o atraso educacional quase endêmico e o distanciamento das classes sociais, pode desfigurar todas essas perspectivas e oportunidades. Podemos dizer inicialmente que a principal questão e que antecede à precariedade educacional é o problema da cultura.

O poder político e as elites econômicas não dão a menor bola para o desenvolvimento cultural e a criação artística. Consideram essas questões dois acidentes, ora para perturbar a cabeça dos jovens, ora para enfeitar o supérfluo da estética burguesa. Quando não caem na grosseria de achar que cultura é coisa de comunista e de veado. Sobra-lhes no máximo a fruição social dos eventos do mercado comercial da arte e o uso inadequado dos incentivos fiscais para suas empresas.

Claro que essa avaliação pessimista tem suas exceções, como tudo o que se quer demonstrar.

Mas isso precisa mudar para que o Brasil seja uma grande potência e a América Latina uma oportunidade. A União Européia não começou com a unificação da moeda. Terminou. Começou com um profundo ajuste cultural entre nações tão diversas quanto inimigas. Ajuste no interior e na fronteira das nações.
Como nosso povo é senhor de uma imensa criatividade e nossas instituições tem virtudes para assumir o melhor, falta apenas uma política cultural que não atrapalhe a vocação natural do homem e da sociedade brasileira para produzir arte e conhecimento.

A crise da TV Brasil e a incompreensão política com relação à TV Cultura são provas disso

fonte: blog do Jorge da Cunha Lima

Ainda sobre Hegel & Deus

Ontem à noite, eu, Fábio, e outros dois amigos, fomos a um bar, onde repetimos a discussão iniciada neste blog sobre a crença em Deus por parte de Hegel (e de Kant, por tabela).

Fábio insistia que ambos os filósofos acreditavam em Deus, que tal crença é um fato histórico. Eu discordava, alegando que eles viveram num período em que negar a existência de Deus significava serem excluídos do mundo acadêmico, e que, em suas obras, a forma como definiam "Deus", era tão abstrata e impessoal, que poderia ser substituída por "Natureza", "Real", ou outro conceito semelhante. E que, portanto, não se podia afirmar que eles acreditassem num Deus pessoal, bíblico, por assim dizer.

E dispostos a obedecer a nova "lei seca", como estávamos dirigindo, decidimos não beber. Tomamos, os quatro, três garrafas de coca-cola (água suja do imperialismo ianque!), de dois litros cada.

Um rapaz, de uma mesa ao lado, ao passar por nós, percebeu que consumíamos apenas refrigerantes, e ouviu a discussão sobre Hegel, Kant, o Ser e o Nada. Ao voltar para sua mesa, disse para seus colegas:

"Nossa, o pessoal daquela mesa tomou três tubos de coca-cola e ficou muito louco!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Allende vive!


Homenagem aos 100 anos do nascimento do combatente Salvador Allende, ex-presidente do Chile, do Partido Unidade Popular.

http://www.telesurtv.net/noticias/afondo/especiales/100_allende/

Vale a pena assistir: A Batalha do Chile.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Quem tem medo dos livros de Paulo Freire, Florestan Fernandes, José Martí, Che Guevara e do pedagogo russo Anton Marenko?

Quinta-feira, 26 de junho de 2008
Valor
Pág. A10
Política
A Guerra Fria do MP gaúcho
Maria Inês Nassif

Seria uma caricatura, não fosse sério. Um relatório secreto do Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul decreta guerra ao MST, prega dissolver o movimento a bem da "segurança nacional" e define linhas de ataque ao movimento. A ata secreta de reunião no dia 3 de dezembro do ano passado revela que o Conselho constituiu uma força-tarefa para "promover uma ação civil pública com vistas à dissolução do MST e a declaração de sua ilegalidade". A diretriz, que está sendo executada de forma articulada com a Justiça e a Brigada Militar, é a de acuar o movimento em várias frentes: proibir marchas e deslocamentos em massa dos sem terra; investigar os integrantes de acampamentos e dirigentes quanto ao uso de verbas públicas; intervir nas escolas do MST; impedir a presença de crianças e adolescentes nos acampamentos; nos assentamentos, comprovar desvios de finalidade da terra; promover investigação eleitoral "nas localidades em que se situam os acampamentos controlados pelo MST, examinando-se a existência de condutas tendentes ao desequilíbrio deliberado da situação eleitoral" e atuar para cancelar os títulos de eleitor dos assentados.
A decisão teria de ficar sob sigilo por 10 anos, mas veio a público quando foi anexada como prova de uma denúncia feita à Justiça pelo MPE contra acampados do MST em duas áreas cedidas por proprietários na proximidade da Fazenda Coqueiros - a inicial da ação esclarece que os promotores tomam essa iniciativa baseados na diretriz do Conselho. Também foi anexado um relatório do Serviço Secreto da Brigada Militar (PM2). A ofensiva do Ministério Público, a pronta anuência de juízes e uma rápida mobilização de efetivos da Brigada Militar montam o cenário de uma Guerra Fria particular: o MPE aciona a Justiça usando um discurso ideológico; o juiz decide em favor da preleção dos promotores; a Brigada Militar responde prontamente às ordens judiciais.
As sentenças obtidas até agora são um cerco político ao movimento: uma proíbe a manifestação política de acampados em terra do Incra; outra, de um juiz eleitoral, suspende os títulos de eleitores de acampados em Coqueiros; uma ação do MPE relativa à ocupação do horto florestal da Fazenda Barba Negra denuncia 37 integrantes da Via Campesina por dano, furto, cárcere privado, formação de quadrilha e lavagem dinheiro, inclusive pessoas que não estavam no local - um deles o líder nacional do MST, João Pedro Stédile; as escolas dos assentamentos estão sendo desativadas. Em janeiro, uma pronta sentença do juiz, favorável a ação proposta pelo MPE - a pretexto de investigação de um furto de uma máquina fotográfica, um anel e R$ 200 - permitiu à polícia identificar os 1200 participantes do 24º Encontro Estadual do MST. É esse o quadro: a ação articulada e rápida do MPE, da Justiça e da polícia gaúchas está cassando direitos civis e políticos de cidadãos brasileiros. Inclusive o direito ao voto.
--------------------------------------------------------------------------------
Justiça cassou títulos eleitorais
--------------------------------------------------------------------------------
O conteúdo ideológico dessa ofensiva está claramente estampado nos autos de processos e em documentos judiciais. A linguagem é tão contundentemente ideológica que é difícil encarar o MPE e a Justiça do Rio Grande do Sul como partes neutras de um conflito. Na inicial da ação civil pública apresentada pelos promotores Luís Felipe de Aguiar Tesheiner e Benhur Biacon Júnior, pedindo a desocupação dos dois assentamentos do MST próximos à Fazenda Coqueiros, eles rezam submissão à orientação do Conselho Superior de "dissolver" o MST e tecem um longo arrazoado sobre subversão. Definem o movimento como "uma organização revolucionária que faz da prática criminosa um meio para desestabilizar a ordem vigente"; asseveram que "já existem regiões do Brasil dominadas por grupos rebeldes"; apontam como indício de subversão "a doação de recursos por entidades estrangeiras, como a organização Cáritas, mantida pela Igreja Católica". A peça ideológica informa que outros dois promotores estaduais fizeram um "notável serviço de inteligência" no MST, e essa arapongagem concluiu que o movimento social tinha uma "estratégia confrontacional", que seria comprovada pelo material apreendido em acampamentos: livros de Paulo Freire, Florestan Fernandes, José Martí, Che Guevara e do pedagogo russo Anton Marenko. De acordo com os promotores, é prova de intenção de atentar contra a segurança o uso de frases como "a construção de uma nova sociedade", "poder popular" e "sufocando com força nossos opressores". Afirmam também que o MST usa de "fraseologia agressiva, abertamente inspirada em slogans dos países do antigo bloco soviético".
Como verdades, são citados dois relatórios do Serviço Secreto da Brigada Militar (PM2). Num deles, o coronel Waldir Reis Cerutti garante que o MST é financiado pelas Farc. "Análises do nosso sistema de inteligência permitem supor que o MST esteja em plena fase executiva de um arrojado plano estratégico, formulado a partir de tal "convênio" (com a Farc), que inclui o domínio de um território em que o governo manda nada ou quase nada, e o MST e a Via Campesina, tudo ou quase tudo". A inicial da ação do MPE não cita, todavia, conclusão de inquérito da Polícia Federal, que não encontrou nenhum indício de ligação do MST ou da Via Campesina do Estado com o movimento guerrilheiro colombiano.
O MPE, a justiça e o governo gaúcho (com sua polícia) atiraram-se numa marcha da insensatez, usando perigosamente instituições democráticas para restringir o direito de associação e de manifestação política e o direito ao voto. Esse é um preço que o MST gaúcho pode pagar agora, mas o país todo paga também no futuro. Incentivar a histeria da direita com discurso de fazer inveja aos militares que comandaram o país entre 1964 e 1985 é um caminho a ser evitado. Pode parecer simplesmente ridículo estimular ofensivas contra movimentos sociais com discursos anti-subversivos. É ridículo, de fato, mas não só isso: é igualmente perigoso.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião. Escreve às quintas-feiras

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Estudo relaciona descrença religiosa a QI alto

Divulgado pela BBC-Brasil:

Um artigo de pesquisadores europeus, que será publicado na revista acadêmica Intelligence em setembro, defende a tese de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência) mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas.

A conclusão é baseada na compilação de pesquisas anteriores que mostram uma relação entre QIs altos e baixa religiosidade e em dois estudos originais.

Os autores concluíram que em apenas 23 dos 137 países a porcentagem da população que não acredita em Deus passa dos 20% e que esses países são, na maioria, os que apresentam índices de QI altos.

Os autores argumentam que essa relação entre QI e descrença religiosa vem sendo demonstrada em várias pesquisas na Europa e nos Estados Unidos desde a primeira metade do século passado.

Eles citam, também, uma pesquisa de 1998 que mostrou que apenas 7% dos integrantes da Academia Nacional Americana de Ciências acreditavam em Deus, comparados com 90% da população em geral.

Uma das hipóteses que o estudo levanta para tentar explicar a correlação entre QI e religiosidade é a teoria de que pessoas mais inteligentes são mais propensas a questionar dogmas religiosos "irracionais".

Com isso, o Fábio, que depois de estudar Hegel, quase estava se tornando religioso, deve mudar de idéia...

terça-feira, 24 de junho de 2008

do
Insuporstentabilidade (Mas eu tento!)

Agora tento ser verde. Agora fico bege em pensar alguém entrando em casa, tropeçando nas muitas sacolas plásticas de lixo que, mais um dia, eu esqueci de colocar lá fora, à disposição daqueles homens fortes e bem dispostos que correm a cidade com condicionamento de atletas. Eu ficaria bege caindo pro roxo se tentasse o mesmo pique. Além de não realizar coleta seletiva, emito fumaça tóxica o dia todo na atmosfera. Claro, depois que elas fazem uma graça nos meus pulmões. Será que ainda são dois?
Minha mãe ri, por torturantes segundos, quando me percebe repassando dados de um monte de órgão ambiental aos quais nunca dei ouvido. Eu também.
E me preocupo em atualizá-los. Mas penso nisso no trabalho, com o 34º copinho descartável de chá em mãos. Esta conta é duplicada pois, se não sustento a causa também não sustento um copo quente em mãos, e pego dois de uma só vez. Só desenvolvi a prática de sofrer a mudança de temperatura nas mãos com o gelado. Bem gelado. Se possível, sem colarinho.

Também nunca plantei uma árvore. E de pirraça, não clicava naquele site do Click-Árvore. Nunca espalhei uma mudinha que fosse na terra. Nem de Maria-sem-vergonha - já que não sei me portar frente à concorrência.

E se há a defesa de que todo mundo que mora sozinho precisa de um animal ou planta para se entreter, já adianto que quando não me suporto, me ignoro. Não confio em gente que entende o que diz as plantas e discute o relacionamento com o gato. Ambos. E não é por ser chata. É pelo meu panceticismo.

Mas se gasto mais de 30 minutos embaixo de um chuveiro pelando diariamente, sou redimida por não ingerir muito este recurso nos dias úteis. Se não fosse a desidratação dos dias de ressaca, minha cota seria a menor do que de muita gente ambientalmente correta que usa conta-gotas.
Ok! Eu fazia xixi nas águas do último rio inteiro do Estado de São Paulo (Rio Ribeira). Mas eu não sabia.
E semana passada gastei cerca de R$ 20,00 comprando bijuterias. O detalhe é que eram de papel reciclado. Sentiram? E não foi charme, foi por desejo mesmo. Fiquei muito desconfiada da artista-ambientalista-neohypada que me entregou as peças em uma sacolinha plástica. Disse a ela que não combinava com minha Eco-bag. Sim eu tenho uma, ou melhor, duas!

O mesmo consumo sustentável que anda insustentável em mim. Como parte de mim, temo ser “momento”. Mas no momento tomo Coca em minha canequinha verde. Não, ainda não saio com a dita cuja a tiracolo, pendurada naqueles barbantinhos bastante suspeitos. Mas já me aguça levá-la a uns passeios. Pôxa! Preciso me redimir com a quantidade de copos descartáveis que utilizo!
E para desespero da minha amiga Sandra, que tem planta, fala com gato, mas não levanta bandeiras à não ser de: Abaixo ao Mc Donalds! Encomendei uma camiseta da WWF.

Sim, eu ainda gasto muito papel diariamente. Ignoro àquelas mensagens que vêm na assinatura dos releases que me pedem para antes de imprimir a página pensar no impacto ecológico. Pôxa! Se eu não imprimir terei que decorar o tal release, não dá! Alguém já viveu a tortura de um deadline de jornal diário? E ter que gravar as entrevistas? Eu sei que é a forma mais segura, só que emburrece também. Sinto muito mundo, isto é mais difícil para mim. E papel reciclado é caro. E eu sou jornalista. De jornada dupla: jornal-bar, bar-jornal.

Agora uma boa causa no meio da causa ambiental é a quantidade de homem “bom” atrás das mais distintas bandeiras. Nunca tive fontes tão fortes, seguras, interessantes...enfim, em outras épocas de trabalho. Certo que eles são meio emperrados para falar. Temem a ignorância de nós, pobres generalistas. Especialistas em tudo um pouquinho, o mesmo que um monte de nada. Mas a resistência pode ser charmosa. O que custa perguntar pela octogésima vez a definição de Bioma, Biomassa, Biodiesel, o que quer dizer EIA/RIMA, e isto rima com o quê mesmo?
E o tal deve ficar tentando imaginar a mesma coisa que eu: Em que raio de lugar estava Maíra nas aulas de Física, Química, Biologia? Nem argumento que era da ala dos que estavam mais para as letras. Pensando na minha casa bem situada em uma lomba, de onde eu só escreveria.
Morar no mato não é de agora não. Mas agora já sei o melhor modo de fazer uma plantação em mandala. Para a irrigação, claro!
E agora também temo que, ter de plantar feijão no pó deixe de ser apenas um refrão do Elomar. Ai, o Elomar também é de antes dessa fase verde, por mais que não pareça.

Certo que domingo botei fogo para acender galhos secos e fazer uma pequena queimada. (Se a Cetesb e a Patrulha Verde questionar eu nego tudo!). Mas era para aquecer. E eu sabia que iríamos travar uma briga feia com a umidade da noite de baixíssima temperatura, de um fim de semana que só trazia o alerta de “úmido”.
Não fiz xixi na cama por mexer com fogo, mas meu pé amanheceu com uma estranha bolha. Poderia ser só o resultado de ficar a noite toda com o pé em cima de um graveto. Mas também um castigo.

Quando criança, ainda na pré-escola. E é importante frisar que foi nesta época que passei a reconhecer meus limites e a odiar as atividades de passar o macarrão dentro do barbante para fazer um colar, ou mesmo ladear os desenhos com feijão, pipoca ou papel cortado. Nunca tive coordenação motora. Nem paciência.
Passado estes maus momentos, um dia a ‘Tia Nenzinha “– A quem ainda chamo de tia, nunca descobri o seu nome verdadeiro, e ainda me olha como se eu tivesse quatro anos - chamou minha digníssima e orgulhosa mãe para falar sobre os disparates do seu pequeno ser na unidade escolar. Justo minha mãe que queria, de todas as formas, me transformar em uma Picasso de saias. Mas longas, para esconder o Picasso (Desculpem, perco o espaço mas não a piada de quinta,rs).
Enfim, mamãe teve uma grande desilusão, pois a tia havia falado para ela que eu era a única que não conhecia cores e era melhor ela ver se eu tinha algum POBREMA. Aí Dona Léa me puxou para um papo-cabeça, questionando pq raios eu havia pintado o rio e as montanhas da mesma cor: marron. Diferente dos meus colegas, espertos, astutos, coniventes e pouco críticos que sabiam que o rio era azul e a montanha era verde, pois formada de árvores.
Já decepcionada e quase dando pinceladas em mim, mamãe teve que ouvir da pequena ex-guru dos pincéis que o rio, que cortava a cidade, não era azul nem ali nem na China (Claro, sem esses argumentos). E que havia pintado apenas um pedaço da montanha que fica na entrada da cidade. Para a surpresa de mamãe, fomos até o local, onde ela percebeu que havia acontecido queimada – como é praxe – e as árvores estavam queimadas, não bem marrom, é certo, mas mais para o marrom do que para o verde dos desenhos dos meus astutos coleguinhas. Que nem se daltônicos veriam o Rio Ribeira azul. E nem ninguém.

E quem vai dizer que já não nasci insusten(por)távelmente ambientalista? Hum!
______________________________________________________

PioreS*: Fóruns, palestras, simpósios, inaugurações em universidades e outros eventos de bandeira “ambientalismo+sustentabilidade” na city, tomados por copinhos plásticos. Sendo todos entupidos, utilizados, cuspidos, amassados e substituídos por mais outros. Claro, por aqueles que torceriam o nariz para meus banhos de 30 minutos.
P S*: Etiqueta: “A moda é ser sustentável”, que está nas Eco-bags produzidas localmente e que sustento e anda nas costas de várias sorocabacanas ecologicamente na moda, quer dizer, corretas.
Pois em vezes este blog é muito chato! (rs)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A inescrupulosa ofensiva da direita

Estou em Guararema, na Escola Nacional Florestan Fernandes, para um Seminário sobre "Criminalização da pobreza, repressão aos movimentos sociais e lutas na América Latina", com participantes latino-americanos, de diversos movimentos sociais. Hoje ouvi relatos de militantes do MST do Rio Grande do Sul que ressaltava a preocupação com a ofensiva do governo estadual, conservador e totalmente repressor. Como nos tempos da ditadura, querem tirar a legitimidade do movimento, uma clara intimidação aos militantes e uma medida de contenção social. Vejam abaixo o que ocorre e mandem apoio e solidariedade, pois num país que se diz "democrático" não podemos, enquanto povo que quer ser dono de seu próprio destino, permitir que essa criminalização dos movimentos sociais ocorra.
abraço,
Fernanda


NOTA DO MST- RS

Amigos e Amigas da luta pela terra,

Enviamos abaixo a Nota divulgada sobre os despejos ocorridos ontem em Coqueiros do Sul, em duas áreas que estavam cedidas às famílias acampadas. Gostaríamos de alertá-los que já existem pedidos do Ministério Público para despejo dos acampamentos de São Gabriel (de uma área que é pré-assentamento) e dos acampamentos de Nova Santa Rita e Pedro Osório, que estão em áreas de assentamento. Estes pedidos já se encontram com Juízes das respectivas Varas e poderão ser executados a qualquer momento.

Contamos com seu apoio neste momento de repressão, não apenas ao Movimento Sem Terra, mas ao conjunto dos movimentos sociais,

Um forte abraço e boa luta,

Coordenação Estadual MST-RS

UMA AÇÃO ORQUESTRADA CONTRA OS MOVIMENTOS SOCIAIS

Métodos e Argumentos do Ministério Público e da Brigada Militar ressuscitam a Ditadura Militar no Rio Grande do Sul.

No dia de ontem (17/06), centenas de famílias de trabalhadores Sem Terras foram despejados de dois acampamentos pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul no município de Coqueiros do Sul. A duas áreas pertencem a pequenos proprietários e estavam cedidas para a instalação das famílias. Os Barracos e plantações foram destruídos, além das criações de animais, que foram espalhados, para que as famílias não pudessem leva-los. Cumprindo ordens do Poder Judiciário, as famílias foram jogadas à beira da estrada em Sarandi no final da tarde.

É preciso lembrar que este acampamento a beira da estrada para onde foram levadas, é o mesmo local de onde foram despejadas há um ano. Até quando estes trabalhadores vão permanecer lá? Quanto tempo levará até o próximo despejo?

O despejo de ontem não se trata apenas de mais um ato de violência e intransigência da Governadora Yeda Crusius e da Brigada Militar. Há um nefasto projeto político em curso no Rio Grande do Sul, envolvendo a proteção dos interesses de empresas estrangeiras, que são também grandes financiadoras de campanha, a supressão de direitos civis e a repressão policial. A ação faz parte de uma estratégia elaborada pelo Ministério Público Estadual para impedir que qualquer movimento social possa se organizar ou manifestar-se. Juntos, o Ministério Público Estadual e a Brigada Militar ressuscitam os métodos e práticas da ditadura militar, ameaçando qualquer direito de reunião, de organização ou de manifestação.

Na ação civil que determinou o despejo ontem, os promotores deixam claro sua inspiração pelo golpe militar de 1964, ao lembrarem que o golpe que restringiu as liberdades civis no Brasil, “ pacificou o campo”.

O despejo de uma área cedida, a ameaça de multa a seus proprietários se voltarem a apoiar o MST e as promessas de que novos despejos ocorrerão nos acampamentos em São Gabriel (num pré-assentamento), em Nova Santa Rita e em Pedro Osório (ambos em áreas de assentamentos) são decisões autoritárias que ameaçam não apenas o Movimento Sem Terra, mas estabelecem uma política de repressão para todo e qualquer movimento social.

Ao mesmo tempo em que os movimentos sociais são perseguidos e criminalizados, não se vê nada para recuperar os R$ 44 milhões roubados dos cofres públicos para o financiamento eleitoral no esquema do DETRAN.

Da mesma forma, quando grandes empresas estrangeiras criam empresas-laranjas e adquirem terras ilegalmente no Rio Grande do Sul, que somente agora foram indeferidas pelo executivo, não se vê nenhuma ação do Ministério Público, judiciário ou do executivo estadual.

No ano passado, após a Marcha à Fazenda Guerra, o Ministério Público propôs um termo de ajuste onde o Poder executivo federal assumia o compromisso em assentar mil famílias até o mês de abril deste ano. Nos causa estranheza que não hajam mais cobranças do Ministério Público para o cumprimento do acordo, que este mesmo poder propôs. E ainda, que agora decrete o despejo das famílias, que poderiam estar assentadas e produzindo alimentos, caso o mesmo acordo tivesse sido respeitado.

Há interesses que ainda se encontram ocultos nas ações desta semana e nas medidas que o MPE anuncia. O certo é que a volta dos regimes autoritários e repressivos, a serviço de interesses obscuros, ameaça a todo o povo gaúcho.

Coordenação Estadual MST - RS

Na Contramão

Cada dia me preocupo mais com o conteúdo ideológico implícito nos estudos científicos.
Segundo o portal G1, um estudo belga comprova que os homens gastam mais dinheiro perante a insinuação sensual feminina. A manchete anuncia, como uma grande novidade, que não é só o corpo feminino que vende, mas qualquer referência a ele, como um biquíni ou uma lingerie.
Eu, sinceramente, não entendo o que leva um cientista a pesquisar se o fator estimulante é o corpo ou alguma referência a ele, pois a mensagem subliminar é a mesma: o feminino enquanto estratégia de venda, não enquanto ser humano.
A pergunta que não quer calar é: a quem serve esta pesquisa?
Certamente não é aos profissionais de humanas, que devem buscar a humanização, e não a coisificação do homem.
Esta pesquisa é muito útil a publicitários anti-éticos que buscam vender qualquer coisa a qualquer preço; aos capitalistas que, se pudessem, punham um código de barras na mãe e colocavam-na numa prateleira; às mulheres-objeto que querem se promover a qualquer custo.
Veja um trecho de uma entrevista da "boa" Juliana Paes à Revista TPM, na edição de janeiro de 2008:
"TPM: Você é a mais onipresente vendedora de cerveja do Brasil. Isso não faz de você uma mulher-objeto?
JP: Eu não, de jeito nenhum, o objeto é a cerveja! [Risos]"
Talvez, pra ela, seja muito divertida toda essa conjuntura: ela é linda, tem um corpo perfeito e condições financeiras para mantê-lo. Sim, financeiras, pois ninguém mantém uma imagem desse nível "bebendo dois litros de água por dia".
Por outro lado, mulheres de carne e osso, que não têm condições de bancar drenagem linfática, frango grelhado 3x por semana e estimulação russa, são obrigadas a conviver com depreciações machistas e têm sua auto-estima severamente abalada.
Agora a digníssima indústria de cerveja e sua garota propaganda podem rir ainda mais, pois tem um argumento científico - percebem o peso da palavra? - que legitima o corpo da mulher enquanto item de consumo. A pesquisa ignora o fator cultural como moldador do compotamento, apenas diz que "sim, a sensualidade feminina faz vender", como se fosse algo natural e imutável.
A matéria encerra com uma "brincadeira" absolutamente desnecessária do "cientista". "Objetos masculinos não parecem ter o mesmo efeito sobre as mulheres. `Os centros de recompensa neurais das mulheres não são tão ativados quanto os dos homens por esse tipo de estímulo´, afirmou Van der Berg. `Possivelmente, elas são ativadas por outros tipos de recompensas. Talvez, sapatos,´ brinca ele."
Podemos resumir em duas frases: A ciência diz que homens precisam de sexo e mulheres precisam de sapatos. Qualquer manifestação do contrário é anti-natural.
Isso é o que eu chamo de Psicologia Anti-Social.

domingo, 15 de junho de 2008

Maria Lucia Amary solicita promoção "post mortem" a oficial da PM envolvido com a repressão no regime militar de 64

Recentemente lembramos os 40 anos da promulgação do AI-5, que promoveu o endurecimento da repressão militar do golpe de 64, levando o Brasil a um regime de terrorismo de Estado.
Tivemos milhares de jovens torturados, mortos e desaparecidos.

Passadas quatro décadas ainda não sabemos o número exato de pessoas assassinadas e turturadas. Milhares de pessoas carregam no corpo feridas que a lembrança não deixa cicatrizar.
Lembrança de um tempo em que sonhar com um mundo melhor e ousar lutar por um país de todos e para todos era crime de terrorismo.

A Lei de Anistia (1979) na prática, permitiu a todos os oficiais da PM e do Exército escapar de um julgamento por seus crimes. Eles estão todos soltos gozando de uma pesada aposentadoria e aqueles que já embarcaram para as profundezas de Hades, puderam ainda deixar uma gorda pensão vitalícia para suas filhas.

Só recentemente o Estado assumiu sua responsabilidade e com o governo Lula, as vítimas começaram a ser indenizadas.

Na contramão da história política recente, a deputada sorocabana Maria Lucia Amary (PSDB), junto com o deputado Sérgio Olímpio Gomes (PV), esta solicitando ao governo do estado a promoção “post mortem” do Cap. da PM Alberto Mendes Junior ao cargo de Coronel, para que suas filhas possam receber a pensão de R$ 5.500,00. Alberto Mendes era um oficial da repressão, morto em combate com a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) no Vale do Ribeira.
Na verdade, Alberto Mendes era Tenente e fora promovido também "post mortem" em 1970 à patente de Capitão, agora, M. L. Amary quer promovê-lo Coronel. Onde isso vai parar?
No mês passado o historiador Carlos Cavalheiro já havia denunciado que a deputada do PSDB apresentou um projeto de lei dando o nome de Francisco Moron Fernandes a um viaduto da Raposo Tavares, Moron Fernandes figura na história de Sorocaba como lider de um grupo integralista que perseguia e torturava operários anarquistas e comunistas na década de 30.

A deputada Maria Lucia Amary pertence a um partido que tem a social democracia no nome, mas parece ter saudades do regime ditatorial.
Mande um e-mail para a deputada: mlamary@al.sp.gov.br

Fonte: Site da deputada

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Fala baixo que eu sou cego e não surdo

Às vezes a gente custa a entender que um portador de necessidades físicas especiais é capaz de viver de maneira absolutamente normal, desde que sejam feitas algumas adaptações aos objetos e nos ambientes de uso público. Mas, do mesmo modo, é preciso que o restante das pessoas não só respeitem como também acreditem na capacidade do outro.

Certa vez eu andava pelo centro de Sorocaba e, ao passar por uma cabine de telefone, um moço deficiente visual pediu que eu lesse um número de telefone num cartão, querendo ajudar e ir além, peguei o cartão de sua mão e teclei eu mesmo o número no orelhão, por distração ou falta de coordenação motora teclei errado, eu havia falado o número e o moço então pegou o telefone da minha mão e me deu uma lição - teclou três vezes mais rápido do que eu, e certo.

Na Biblioteca Municipal trabalha um senhor chamado Carlos (deficiente visual), o famoso Carlão, conhecido de muita gente, ele se desloca rotineiramente por toda a cidade, utiliza transporte público, estuda, bate papo, enfim...

Hoje, entre um capítulo e outro de um obscuro livro de Hegel, resolvi esfriar a cabeça e sair da biblioteca. Fui pro jardim fumar um cigarro e dali, pude avistar de longe o Carlão chegando pra trabalhar, havia descido do ônibus e vinha lá tranqüilo caminhando, quando de repente, um homem muito bem intencionado se ofereceu para ajudá-lo e começou: “direita” “em frente” “esquerda” “não, direita” “em frente, mas cuidado”, “ai, não não ali”. Resultado, ele tropeçou em tudo quanto foi degrau e bateu em quase todos os obstáculos. Sozinho ele faria o caminho tranquilamente.

Lembrei de imediato do comediante e também deficiente visual Geraldo Magela ( "o ceguinho" ): “fala baixo seu burro, que eu sou cego e não surdo!”

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A contradição social na música de Marcondes [Falcão] Maia

"Para mim uma coisa é um padre, um menino e um jegue. E outra coisa é um pneu de caminhão"

Nesse simples verso ele desnuda a estrutura social e expõe o cerne de um pensamento libertário e moderno. De um lado, temos três elementos agrupados, respectivamente o padre, o menino e o jegue. Que seriam esses elementos, aparentemente tão díspares, para estarem agrupados? Simples: o padre representa a tradição (clero secular), o menino a família (o fruto de uma relação estável), e o jegue a propriedade (a posse, ainda que modesta). Não escapou à nenhum leitor que chegamos assim à TFP - Tradição, Família e Propriedade, uma sociedade que prega valores conservadores.

Mas o que se opõe a isto?

O pneu de caminhão: a máquina, a modernidade, o progresso, a indústria. Contra o Brasil que anda no lombo de burro, o caminhão!

Por Renato

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A Saga da Imigração

Uma experiência muito boa que tive nesses últimos meses foi estudar a imigração japonesa, graças ao trabalho que realizei para a revista História Viva, que editou três números especiais sobre a saga dos nipônicos.
Apesar de ser sansei, ou seja, da terceira geração, era ainda, para mim, uma história desconhecida. Pesquisei sobre os motivos que fizeram com que os japoneses saissem da terra do sol nascente em busca de trabalho no Brasil, sobre os choques culturais, a difícil adaptação nas lavouras de café e finalmente a conquista da autonomia com a aquisição de terras para cultivar e diversificar suas próprias lavouras, longe dos berros dos fiscais das fazendas.
Quem tiver interesse, já está nas bancas a edição nº 3 (Revista História Viva. Especial Japão 3).

"Eles vinham ocupar as terras inexploradas do país, nas lavouras de café que estavam em expansão no estado de São Paulo. Viajavam em famílias de pelo menos três pessoas aptas ao trabalho (não importando idade ou sexo), de acordo com as exigências firmadas entre os governos brasileiro e japonês. A exigência brasileira era decorrente da experiência anterior do país com os imigrantes italianos, que fugiam das fazendas sem cumprir seus contratos, acreditavam as autoridades, por serem solteiros".

(trecho de "A exploração do trabalho nos cafezais", História Viva. Edição Especial Japão nº 3, pág. 26.).

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sorry Periferia


Gostaria de indicar a leitura do blog Sorry Periferia: "Um coice com ferradura de pelica" (click na foto)

Tal Marx, tal Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dia 26 de maio de 2008 chegou à mesma conclusão que Karl Marx em 1847. Lula denunciou: "Eu não vi nenhum produto reduzir de preço depois que acabou a CPMF. Parece que não foi passado para o custo do produto o 0,38%. Parece que aumentou o ganho daqueles que pagavam a CPMF. Se alguém souber de um produto que caiu de preço porque os empresários tiraram do preço os 0,38%, me avisa. Me diga, que vai merecer um prêmio". Lula ainda não se conformou com o fato do Senado ter acabado com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira: "Em dezembro do ano passado tivemos uma derrota no Senado da República. Nós, embora tivéssemos maioria, assistimos aos senadores da oposição não deixarem passar a CPMF porque tínhamos lançado um programa chamado PAC da Saúde, onde iríamos investir mais R$ 24 bilhões para melhorar a saúde".

Num manuscrito titulado O salário, de dezembro de 1847 - na verdade, o rascunho das conferências que proferiu na Associação Operária de Bruxelas -, Karl Marx anotou: "A diminuição dos impostos não favorece em nada aos operários; no entanto, seu aumento os prejudica. O que tem de bom o aumento dos impostos nos países desenvolvidos desde o ponto de vista burguês é que arruina os pequenos camponeses e proprietários (artesãos etc.), lançando-os à classe operária".

Portanto, pode haver um lado bom nas manobras realizadas na Câmara para criar um novo tributo, chamado de Contribuição Social para a Saúde (CSS), com alíquota de 0,10%: a proletarização do pequeno e médio empresário, se a história, mais uma vez, der razão ao criador do socialismo científico.

Carlos Pompe, Jornalista e Curioso do mundo para o Oni presente.