No último domingo Sorocaba pôde conferir um concerto incrível da OSESP ao ar livre, no Paço Municipal.
O programa foi exaustivamente anunciado pelos seus organizadores, a TV Tem. Na data estipulada, antes do horário marcado, já era difícil estacionar ao redor do local.
Cheguei perto de 15h30 e, com alguma dificuldade, encontrei Ferik na multidão. Ela me perguntou se eu tinha água, respondi que não. Enquanto ela lamentava não ter vendedores ambulantes, eu me perguntava quando é que vou aprender a usar protetor solar em eventos ao ar livre.
Ferik resolveu então ligar para o namorado, que ainda não tinha chegado, pedindo para que ele trouxesse água. Enquanto isso encontrei um amigo que trazia três garrafas de água numa sacola. Não, ele não estava vendendo. Contou que foi buscar na PQP, segundo suas próprias palavras, porque a organização proibiu os ambulantes e não providenciou um estoque para vender na tenda. Como sabemos, também não há padaria, mercado ou conveniência perto do Paço.
Na minha frente, duas senhoras olhavam ao redor procurando banheiro. Não vi um banheiro químico sequer, e que eu saiba a prefeitura fica fechada aos domingos. Ainda que estivesse aberta, quem quisesse usar o banheiro de lá teria de encarar uns 15 minutos de caminhada. Também não havia nenhuma ambulância, pelo menos à vista. E se alguém se desidratasse?
Às 16 horas, nenhum músico no palco. Alguns minutos depois, o maestro foi até o microfone explicar que para começarem, teria de esperar o sol baixar, pois do jeito que estava, danificaria os instrumentos. Pediu desculpas. Tanto ele quanto a imprensa culparam São Pedro pelo ocorrido. Ninguém se lembrou de quem projetou o palco para um show vespertino de frente para o sol.
A apresentação começou perto de 17h. Logo após o Hino Nacional, muita gente foi embora. Ao longo do concerto (maravilhoso), muita gente passava por nós, em direção à rua.
Não dá pra saber os motivos pelos quais as pessoas deixaram o espetáculo. Poderiam não ter gostado, poderiam ter marcado compromisso para o horário em que o evento deveria terminar, poderiam estar morrendo de sede ou de vontade de ir ao banheiro, ou simplesmente cansadas de ficar em pé. Eu mesma mal aguentava de dor no corpo. Tenho 21 anos, bom condicionamento físico, estava bem alimentada e bem hidratada.
Aí eles falam que estão levando cultura erudita para o povo. Então eu me pergunto como é que querem apresentar um estilo musical ao qual as pessoas não estão habituadas sem proporcionar o mínimo de conforto. Eu diria até de dignidade, porque não estou cobrando cadeiras reclináveis; estou cobrando água, banheiro, pontualidade, ambulância.
O jornal Cruzeiro do Sul anunciou que 8 mil pessoas assistiram à apresentação. A TV Tem foi mais modesta, 6 mil. Será um erro de cálculo, ou será que uma calculou o público do começo, outra do final?
Um comentário:
A TV Tem noticiou assim: esperou-se um pouquinho até o sol baixar para não prejudicar a afinação dos instrumentos - quando ouvi isso pensei - deu merda!
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