quarta-feira, 26 de março de 2008

Ponto Para os Direitos Humanos!

Produtora da música 'Um Tapinha Não Dói' é multada

A Justiça Federal de Porto Alegre condenou a empresa Furacão 2000 Produções Artísticas ao pagamento de multa de R$ 500 mil pelo lançamento da música "Um Tapinha Não Dói", por entender que a letra banaliza a violência e estimula a sociedade a inferiorizar a mulher.

A decisão foi tomada pelo juiz federal substituto Adriano Vitalino dos Santos, da 7ª Vara Federal, e pode ser contestada em instâncias superiores.

A ação foi movida há sete anos pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela organização não-governamental (ONG) Themis Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, que alegaram que a letra justifica a violência masculina a partir do comportamento sexual da mulher.

A ONG e o MPF sustentaram ainda que a liberdade de expressão não é direito absoluto e tem limitações reconhecidas pela Constituição em face do princípio da dignidade.

O juiz entendeu que houve dano moral difuso à mulher e estabeleceu a multa, que deverá ser revertida ao Fundo Federal de Defesa dos Direitos.

domingo, 23 de março de 2008


“Dizem violentas, as águas do rio, mas não dizem violentas, as margens que o comprimem”. Bertold Brecht

terça-feira, 11 de março de 2008

Congestionamento & Literatura


Segundo divulgado pelo portal IG, o índice de congestionamento na cidade de São Paulo bateu mais um recorde durante as manhãs no ano.

Às 9h desta terça-feira, o congestionamento chegou a 186 quilômetros, segundo boletim da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

"Índice de congestionamento"? Essa eu ainda não conhecia.

Acredito que o destino de toda grande cidade - inclusive bacaroço -, é sofrer um colapso final, durante um mega-congestionamento, que deverá ocorrer em escala planetária e levará à extinção da humanidade.

Restarão, talvez, alguns sobreviventes, nos túneis do metrô. Por pouco tempo.

Enquanto o amargedon não chega, e as filas de carros e ônibus são cada vez maiores, sugiro aos motoristas - e passageiros de ônibus -, que sempre carreguem consigo algum livro, relativamente volumoso. É a única saída nessas horas.

Uma sugestão em particular: o conto A auto-estrada do sul, publicado no livro Todos os fogo o fogo, de Júlio Cortázar.

Foi o primeiro relato ficcional a tratar de um congestionamento, de forma ao mesmo tempo leve e sufocante. O leitor sente-se, literalmente, num congestionamento.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Erro de português brasileiro

Um amigo sindicalista me disse, certa vez, que no início de sua militância, junto com outros companheiros, escreveu um manifesto sobre determinada eleição. Contrariada, uma certa ex-deputada tentou desqualificá-lo com base em supostos erros de grafia ou concordância.

Essa postura autoritária e preconceituosa se manifesta mesmo nos setores mais progressistas da sociedade. A tal ex-deputada era, ou se considerava, de esquerda.

Mencionei essa situação para fazer uma sugestão de leitura, ainda que tardia. Na edição de fevereiro da revista Caros Amigos, o lingüista Marcos Bagno esclarece de forma bastante clara e fundamentada como muitos erros que cometemos no dia a dia são naturais e mesmo a origem da própria língua portuguesa.

Ele também diz que nós falamos uma língua que pode ser considerada uma variante do português tradicional – o português brasileiro.

Entre outras construções próprias do “português brasileiro” está a recusa da mesóclise (início do verbo + pronome + terminação verbal):
...observar-me-ia...
e a preferência nacional pela próclise (pronome + verbo)
... me observou ...
ao invés da ênclise (verbo + pronome)
...observou-me...

Alguns escritores contemporâneos, como Rubem Fonseca, já incorporaram essas construções próprias do “português brasileiro”. E também, já há várias décadas, o genial Oswald de Andrade, num poema antológico:

pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro