terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Artesã que pichou a Bienal de Arte de São Paulo continua presa


Há 40 dias Caroline Pivetta da Mota, de 23 anos, foi trancada numa cela na Penitenciária Feminina de Sant'Ana, em São Paulo, "lar" de presas perigosas. Antes ela passou três dias numa delegacia. Seu crime? Ter invadido o prédio da tradicional Bienal de Arte paulistana, no dia da sua inauguração, junto com outras 40 pessoas, para fazer pichações - ou, nas palavras delas, "intervenções"- num espaço deixado propositalmente vazio pela curadoria.

A ação foi liderada por Rafael Guedes, o Pixobomb, que procurou a mídia para "assumir a autoria". Ele foi responsável por recentes pichações na Faculdade de Belas Artes da USP e na galeria paulista Choque Cultural. Caroline, que afirmou ter ido apenas "assistir" às pichações, acabou entrando na onda.

Há uma certa pressão dos organizadores da Bienal para mantê-la presa. Eles classificaram o ato como crime e invasão, e não foi isso. Os próprios curadores disseram em entrevistas que gostariam que as pessoas interagissem com o vazio. E foi o que o grupo fez. Há uma discussão, inclusive nos autos do processo, sobre se pichação é arte ou crime. Para muitos jovens, a única maneira de se manifestar é com uma lata de tinta na mão - diz a advogada de defesa dela, Cristiane Souza de Carvalho.


A advogada contou que Caroline trabalha como artesã, vendendo bijuterias e camisetas estilizadas, e abandonou a escola no segundo ano do ensino médio por falta de dinheiro.

O tipo de grafismo feito pelos pichadores inspirou os artistas Eli Sudbrack e Christophe Pierson, do coletivo Assume Vivid Astro Focus, a criar uma instalação na qual lâmpadas coloridas de néon cobrem as paredes como traços de tinta spray. A obra pode ser vista na Casa Triângulo, em São Paulo. A dupla de artistas participou da Bienal com uma série de ações de encerramento.

leia o Manifesto pela imediata libertação de Caroline

Um comentário:

Rúbia Barros disse...

Encontrei um blog, sobre munha terra rasgada, visiarei mais vezes, com certeza.
Um abraço a todos.